29 novembro, 2003

(edição do post anterior, que estava muito estranho, dizem)

Acho que consigo explicar:
tô no escuro.

Desde manhã, não consigo visualizar o blog.

Postei alguns sentimentos que, no fim das contas, resolvi deletar, por causa das interpretações que poderia causar... daí, depois disso, talvez eu tenha feito algo errado... afinal, a casa é nova e eu tenho só o tico e o teco de neurônios.

Mas continuo sem poder ver o blog... carrega tudo, mas a página fica branquinha. :(

Mas, assim, num tô pra conversas mesmo...
Tô preocupada demais, chata demais, impotente demais.

Amanhã, quem sabe.

(agora, editei o post estranho que estava aqui, parecendo um teste... fica aí então uma mensagenzinha do tipo: "chata, mantenha a distância"... hum, nem tanto, mas enfim... ah, xapralá.)

 
27 novembro, 2003

E quinta-feira todo mundo sabe que é dia de Ponto Gemini.

Você acredita no poder do amor? Eu acredito.
Acredita que ele segura qualquer barra? Eu acredito.
A vida tem sentido sem o amor? Pra mim não.


Fim de paixão não mata a vida. "Apenas" mata o viver...
Sigo trilhando meus passos, no meu meio-tempo, quase chegando lá...

Te vejo no PG

 
26 novembro, 2003
Para quem não me conhece: o resumo da imagem da sereia, aí em cima, me define bem. Nos arquivos do Blogger há bastante história, quase um ano delas (Coluna azul/Pretéritos/Pollyanna no Blogger). Agora, estou por aqui, conquistando novos e velhos corações, já que o meu foi dispensado recentemente - e não, isso não foi uma cantada. Sou meiga, dengosa, simpática, assustadoramente sincera, adoro carinho - dar e receber, tenho a cabeça cheia de idéias, um monte de responsabilidades e duas pequenas pra me encher de alegria. Abomino mentiras, covardia, prepotência, cinismo - e outras coisitas mais. Sou inverno em todos os aspectos e sentidos, não gosto de verão e toda sua insensatez. Quando apaixonada, me entrego e dou com a cara na porta, as vezes até bem mais rápido do que o previsto. Cachorro à gato, telefone à email, campo à praia, números à língua, rádio à cd, DVD à cassete, vôlei à futebol, dançar à beber, avião à navio, carro à moto, bicicleta à a pé. Bem sucedida, sou um kit pronto para horrorizar homens sem estabilidade - e isso não significa que eu estou disponível - disponível é táxi em ponto. Para se chegar em algum lugar, acredito que se dá um passo por vez, mesmo eu sabendo que saio atropelando muitas vezes. Como uma boa e típica geminiana, não me dê opções, não me peça opinião para discordar dela logo depois, não me frustre. Sou uma ótima amiga, uma ótima nora, uma ótima companheira, mas posso magoar profundamente também. Estruturada, disciplinada, empreendedora, carismática, cativante (me disseram), esperta. Intolerante, carente, perfeccionista, metódica, direta (me disseram também), uma cobra quando quero ser. Momentos ame-me ou deixe-me acabam rolando, mas na maioria das vezes me preocupo muito do que possam pensar de mim. Não respondo comentários no blog (há raras exceções) e costumo visitar e meter o bedelho na vida de todos da blogosfera que gosto - basta esse meio-tempo passar. Creia: não sou de todo mal...


Para quem já me conhece: sabe o momento pelo qual estou passando, tempo esse que se resume em introspecção, mesmo que vivam dando outros nomes pra esse meu meio-tempo, que passam do aceitável "crise" até o indigesto "frescurinha"... A parada é séria, eu notei isso ao ver tanta lágrima minha rolando; porém retomei um caminho, escolhi segui-lo e vou permanecer nele enquanto me for possível. Não deu, muda de novo, não é à toa que sou geminiana. Só que isso não significa que eu não estou nem aí... eu estou muito aí, inclusive e especialmente com a net, que é um prazer pra mim... Vim pra Festim, mas não pra fugir de nada nem de ninguém, não estou abandonando ninguém, só mudei de provedor, só isso. Os amigos da Festim já eram meus amigos no Blogger, a diferença é que a Festim funciona, e o Blogger não mais :) Dentro de tudo que ando escolhendo pra mim, uma das prioridades é não me estressar tanto... tô pertinho dos 30 e tô parecendo um velha ranzinza. As coisas têm que funcionar, dentro e fora de mim. Uma vez falei que habitam aqui dentro do meu corpo, muitos eus... ultimamente estou sendo habitada por uma deveras carente, só que mais centrada, menos volúvel e com meio-botão Foda-se ligado; Olha no olho e pergunta, vira as costas e vai embora; Não quer saber de churumelas, está exausta delas; Tomou decisões assustadoras, deixou muita coisa pra trás e foi viver um pouco dentro dum egoísmo digno de uma celebridade (aproveitando o gancho global); está aterrorizada consigo mesma, mas se descobriu forte novamente e daqui a pouco está pronta pra outra, já que com certeza o coração vai acabar aprontando de novo.... até quando ela fica aqui eu não sei, não sei medir esse tempo, esse espaço. Mas gostei dela. Enquanto seu lobo não vêm, vou curtindo o pouco tempo que tenho para postar alguma coisa, ultimamente mais postando do que visitando, lendo mais do que comentando.


Agora, a pergunta que não quer calar:
Como é que vocês me agüentam?
*suspiro*

 
25 novembro, 2003
(Oswaldo Montenegro)

Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há 10 anos atrás?
Quantos você ainda vê todo dia?
Quantos você já não encontra mais?

Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar...?
Quantos amores jurados pra sempre,
Quantos você conseguiu preservar?

Onde você ainda se reconhece
na foto passada ou no espelho de agora?
Hoje é do jeito que achou que seria?
Quantos amigos você jogou fora?
Quantos mistérios que você sondava,
Quantos você conseguiu entender?
Quantos segredos que você guardava,
Hoje são bobos, ninguém quer saber...

Quantas mentiras você condenava?
Quantas você teve que cometer?...
Quantos defeitos sanados com o tempo,
Era o melhor que havia em você?
Quantas canções que você não cantava
Hoje assobia pra sobreviver?
Quantas pessoas que você amava,
Hoje acredita que amam você...

****************

Sou Festim.
Isso não é mesmo uma beleza?
Mudando, nunca radicalmente, porém sempre.
E notarão que aos poucos terão de volta a "Polly iluminada", como me disse um amigo, no email. Eu, por eu mesma, já tenho saudades dessa versão, mais abrilhantada... É só aguardar. Eu prometo à você.

Aqui, na Festim, continuo meu trabalho de 'expressar-me'... contando sempre com as amizades lindas que fiz - e com as quais eu ainda possa fazer.
(Soul, Madeo - pôxa, obrigada, viu?)

 
23 novembro, 2003
Where's Mom Now That I Need Her?
 
19 novembro, 2003

Marcos. Esse era o nome dele, meu primeiro namorado, meu primeiro tudo. Depois de um ano e meio de namoro, eu ainda estava deslumbrada com a minha situação: eu tinha crescido numa família humildíssima, com muita fartura em arroz e feijão, mas eu raramente via uma bandeja de Danoninho, por exemplo. Depois que comecei a namorar, ele me recheava dessas coisinhas: chocolates, iogurtes, lanches... a primeira vez que ele apareceu em casa com uma batata Ruffles, eu chorei de emoção... é sério. Era meu sonho comer um saquinho de batatas, que hoje compro aos quilos aqui em casa, mas na época, minha avó achava que era supérfluo demais, além de muito, muito caro - dizia ela.

Com 17 anos, eu terminei o segundo grau (hoje chamado Ensino Médio) e ele já havia se formado na Faculdade, trabalhando numa metalúrgica desde o início do nosso namoro. Deslumbre também era ter namorado que tinha carro e moto (um Escort e uma XLX, lembro-me), e pra todo lugar que ia, carregava-me como um troféu. Eu me perguntava, várias vezes por dia, o que ele havia visto em mim... ele, até hoje, é muito bonito, chama uma atenção nos lugares que chega, e é extremamente charmoso... Então, quando a gente chegava nos lugares e inevitavelmente havia um comentário maldoso (O que ele tá fazendo com ela?), eu me perguntava: É mesmo, o que ele tá fazendo comigo?

Eu trabalhava como colaboradora, num representante do Jornal Estado de São Paulo, aqui na minha cidade. Estava prestes a entrar na Faculdade, mas nem tentei o vestibular. Optei por um cursinho, onde todo meu dinheirinho suado seria consumido, mensalmente. Eu e o Marcos combinamos que ele me ajudaria. Ele não ganhava super bem, mas ganhava bem, então tá. E foi assim que se foi seguindo nosso relacionamento, até o noivado, de repente...

Era Dia das Mães. A gente tinha se visto pela manhã - continuávamos super grudados. O namoro fazia mais de dois anos. Depois que ele me deixou na minha mãe, porque o almoço familiar (Rá!) seria lá, não nos falaríamos mais naquele dia - seria reservado para o aconchego do lar de cada um, claro. Mas nesse dia, logo pela manhã, fomos a uma floricultura, onde mandamos flores pra nossas mães. No cartão pra minha, mandei por nós dois e, ao preencher o cartão pra dele, fiz o mesmo... Com carinho, Marcos e Claudia.

Normalíssimo, se não fosse o ataque de nervos que a mãe dele teve ao ler aquilo. Segundo relatos, me chamou de prepotente e o escambal. Isso tudo eu fiquei sabendo no anoitecer daquele Domingo festivo, onde o Marcos apareceu em casa de-ses-pe-ra-do, aos prantos, dizendo que não haveria força no mundo que nos separasse. Querendo acalmá-lo, eu tentava explicar que eu não ligava pra isso, que era um ciúmes natural de mãe e tal... foi quando ele me agarrou pelos braços, olhou no fundo dos meus olhos e disse: Casa Comigo?

Depois dessa cena avassaladora digna de novela global, é lógico que disse que sim... No meio da semana, ficamos noivos. A mãe dele me fuzilava, mas nunca me disse nada diretamente (e na minha cabeça, era só porque o Marcos sempre foi muito ligado à ela, natural). A minha família só faltou encomendar toneladas de fogos de artifício e mandar fazer aquelas cascatas, à la ano-novo no RJ. Todo mundo feliz, vamos nos casar, tralálálá.

Mas não era bem assim, nem pensamos em nada. Eu ainda pagava meu cursinho e dependia dele para o resto das coisas. Ele, por sua vez, determinado a não ficar noivo por mais de 6 meses.... e não é que ele conseguiu? Prestei vestibular, passei com um ufa!, e comecei a minha faculdade, finalmente. Enquanto eu me afogava em livros, ele corria atrás de nosso futuro. Viu praticamente tudo sozinho, e eu cada vez mais encantada... ele deixava eu resolvendo os pormenores do vestibular/faculdade, e quando ia me buscar à noitão, estava exausto. Feição cansada, falava pouco, mas não desistiu: queria casar. Muitas vezes, preocupada, eu falei: Por que estamos correndo tanto rumo ao altar? E obtinha como resposta: Porque a mulher da minha vida é você, então pra quê ficar adiando isso?

Sim, senhoras e senhores, eu vivi um conto de fadas. Alugamos uma casinha (edícula) que era um charme. Eu tinha um Chevette na época, que eu vendi para dar alguns meses de aluguel antecipado. Ele foi comprando os móveis e entrochando lá dentro; no fim-de-semana ele arrumava as coisas tudo no lugar. Reformou, pintou, decorou, tudo sozinho.... e só me mostrou, depois de tudo pronto, com cortinas, tapetes, porta-retratos... fizemos uma festa, nós dois, e naquele dia inauguramos a cama que seria nossa, depois de casados.

Somávamos 3 anos juntos, 6 meses de noivado.
Eu, na Faculdade, com 18 anos.
Ele, Engenheiro na G.M, com 23 anos.
Era novembro de 92, e marcamos o casamento para 13/02/93.
Numa próxima cena, eu conto
 
16 novembro, 2003

Cartas...
Me ocorreu uma coisa triste. Não tenho carta tua. Nada, nem um bilhetinho. Não guardei todos os emails, alguns sim, outros não. Talvez eu até imprima, mas isso é para depois.

Chuva...
Sabe porque eu me lembro de você, não é? Porque houve chuva. Muita chuva. E tua imagem está ligada à ela. Onde quer que eu ande no mundo há de haver chuva.

Beijo...
Depois de um toque desajeitado qualquer, o beijo. Ainda está aqui, fácil enxergar. O beijo cresceu, tomou tudo, dominou o espaço.

Bebida...
Você não bebe nada. Só Coca e água. Impressionada, até agora.

Hall's...
Beijo tem que ter gosto de boca. Então tá, você é quem manda. Não gosto de Hall's mesmo. Ia chupar um, por causa do cigarro, lembra?

Moleque...
Há uma imagem de você, me explicando a minha captura no aeroporto, onde você corria pra lá e pra cá. Não é um insulto. É moleque, no lado bonitinho da coisa...

Invenção...
Perdido na cozinha. Mas que saiu um ovo com qualquer coisa, saiu. Bençãos à Sandra e seu santo empadão...

Metodologia...
Já notou o quanto é metódico? Fiquei por algum tempo olhando tudo invejavelmente empilhadinho, cada um na sua coluna: contas, extratos, anotações... em outra mesa, cadernos da faculdade, livros... ah! E você arrumou a cama também... várias vezes.

Clima...
A palavra clima chega a nem ter conotação negativa. Me lembro de você falar... "não gosto de climas"

Café...
Ninguém toma café. Nem você. Mas sobrevivi.

Dividir...
Foi estranho, percebi. Você nem quis saber de dividir a despesa, quando saímos para almoçar.

Comida...
Até sushi eu comi. E você se acabando com salgadinhos, desses que a gente come em festa de aniversário. Eu ainda cozinho para você. Prometo.

Tricô...
Super 10.
Tu.
Caraca.
Acabamos trocando algumas inutilidades da fala. Mas que um pegou tique do outro, isso, é só conversar e notar.

Enigma...
Há um mistério. Eu chamaria de enigma dos olhos. Havia horas que, sem explicação, teus olhos brilhavam mais. Ficavam translúcidos. Não passavam nada, não correspondiam a mais alegria, mais paixão... nada. Penso que era simplesmente a tua hora de olhar transparente.

Encaixe...
Na hora de dormir o nosso encaixe foi absolutamente perfeito. Sincronizamos os gestos. Dormimos em uma cama estreita sem nos perturbarmos.

Telefone...
Depois de falar, desligávamos. Mas a conexão ficava até o sono chegar. Quando chegava.

Surpresa...
Estou escrevendo esse "inventário" quando me chega um presente... um livro, para a viagem... passo o olho na primeira frase: Se não paramos de ansiar pela companhia de alguém é porque a amamos. Tá. Qual a novidade?

Lua...
Falei da chuva, mas não falei da lua. Havia lua naquela noite de Sábado. Estávamos deliciosamente imorais.

Choro...
Eu chorei. Você enxugou. Me senti panaca. E você disse que eu não era. E enxugou de novo.

Pés...
Basta a referência.

Vibração...
Vou ter muita saudade. Sentir muita falta. Da vibração que eu sentia da tua mão em mim.

Final...
Escrever me deu experiência. Saber quando uma história termina. É intuição, é feeling, instinto. Há um ponto exato além do qual não se pode avançar, sem risco de estragar a trama toda, destruir emoções construídas.

Perverso...
Quando somos imensamente felizes por um tempo, ao romper nos tornamos infinitas vezes mais infelizes.

Eu também...
Não ouvirei mais "eu também"

PS: Ficamos tão tontos, impunes, desafiadores, quando apaixonados. Nada importa, o desconfiômetro quebra. Talvez porque a gente se torne forte e sinta segurança (com toda insegurança) para ousar.

E isso foi mais uma ousadia...
(escrito à mão, ontem, por volta das 3 da madrugada, do lado do telefone que eu acabara de desligar.)

 
13 novembro, 2003

E se é!

Um dos meus maiores defeitos (ou uma das minhas maiores qualidades) é não aprender com o que erro. Qualidade Polly? É sim, poderia me predicar de .... hum.... teimosa. Ah, mas teimosa não é qualidade. Teimosia, em muitas áreas significa obstinação... e isso, é uma qualidade. Enfim...

Muitas vezes, sinto que sou tratada como uma adolescente que não sabe o que faz - e acho engraçado. Não sou adolescente, nem tão pouco não sei o que faço. Mas erro. Como todo mundo erra. A diferença entre eu e a torcida do Flamengo inteira, é que passar algum tempo, tô lá errando de novo.

Estamos prestes a entrar num novo ano. Precoce o que eu vou dizer, mas ando com aqueles exames de consciência que dá na gente todo dia 31. Não, não tem nada a ver com dietas, trocar de carro, ir pra Disney - mesmo que ir pra Disney me soar como uma idéia muito interessante... A barra toda tem a ver comigo. O que eu fiz, o que eu deixei de fazer, o que virá a acontecer se eu fizer. E essas pesadas avaliações todo mundo conhece muito bem, garanto. Só que a minha já atarracou em mim de tal forma, que até no banho ela vai junto...

Pensando em algumas coisas, bem sinceramente, resolvi me dar um tempo.

Tempo, Polly? Caramba. Você odeia tempo. É, eu odeio, você tem razão. Sempre tive por princípio básico que essa conversinha de butequim sobre pedir tempo não resolve nada... só complica as coisas, além de ser facilmente confundida com falta de coragem, uso abusivo da liberdade, má fé. Porém, prefiro pensar que esse meu tempo é um mal necessário.

E pra tempo ter, me desligo daqui também. Não completamente, porque isso me seria impossível. Vou ler todo mundo, vou escrever de vez em quando (tá, Leta?)... mas não vou ser tão presente como sempre gostei de ser. Preciso organizar minha "caixa de ferramentas".... uma vez li isso na Marota e nunca mais esqueci.

Me disseram que se eu párar de vez, acabo não voltando. Tá, tem sentido sim, por isso não vou párar parando. Vira e mexe, estarei fazendo o possível pra estar aqui. Mas isso também tem um outro lado: não me esqueça! Sei que depois dessa pausa, desse slow motion cibernético, as coisas aqui mudarão um pouco, mas não quero que ninguém me esqueça... li que pessoas andam me linkando, fico de sorrisão, e não quero 'perder' ninguém... combinado? (lá vem eu com a carga de carência ao cubo pra cima de vocês novamente...)

Vou aproveitar -e não são planos, tá tudo acertado- para visitar uma amiga de cordão umbilical, para repensar alguns conceitos, para trocar o carro, para ajeitar as minhas férias e viajar (bem longe) para um curso profissional. Volto outra, prometo.

Quanto ao Ponto Gemini, meu outro eu, o meu eu mais querido, farei o possível pra conseguir postar lá. Toda quinta (inclusive hoje!). Enquanto eu puder, nesse tempo, estar por lá, estarei.

E quer saber? Odeio despedidas.
Cuida pra mim desse canto e chama a Dona Dita pra tirar o pó de vez em quando.... :)

Há pessoas que eu amo nessa Net, há UMA pessoa que amo muito nessa Net, e há pessoas que não sei mais ficar sem... A todos vocês, meu beijo e meu até mais ver.

Agora, Ponto Gemini.

 
11 novembro, 2003

(então senta...)

Eu prometi um montão de coisas, falei com pessoas amigas, levei safanões de gente que me ama - sim, há pessoas que me amam! -, tentei induzir uma porção de outras coisas e fiz de um tudo. Até cara de paisagem eu fiz, creia você. Fiz de conta, em cima do meu palco, e encarnei, por dois ou três dias, uma personagem que não estava nem aí com os acontecimentos. Ontem, não poderia deixar de ser, deu um 'bum' de saudades palpáveis, que tinham forma física, e me seguiram o dia todo... Optei por mais uma vez encarar a dor, que não é mais tanta dor assim, porém é um sabor de fracasso, e eu não sei lidar muito bem com essas coisas... Eu sei de tudo: que vai passar, que o tempo cura, que é preciso paciência, que isso, que aquilo. EU SEI. Só me permiti sentir a ausência novamente, que me é enorme, a falta, que me é gigantesca, o amor ainda muito presente e a vontade de que estivesse realmente tudo bem.... e isso não dá pra associar, então se sofre... se chora, é claro... mas concordo: passa. E estou esperando passar, acredite.

Hoje eu fui no Ponto Gemini, onde a Cacau faz uma referência à Martha Medeiros, que putz... ela é sem palavras. E foi nela que encontrei a explicação que eu tô atrás e não consigo dar.... se ainda não cansou da leitura, abaixo está um texto dela, da Martha, que é uma lição para tempos como os meus:

TIRE-O DA CABEÇA
14 de setembro de 1998

Você estava apaixonado por alguém e levou um fora. Acontece mais do que acidente de avião, desastre com romeiros e incêndio na floresta. Corações partidos é o grande drama nacional. O que fazer? Ainda não lançaram um manual de auto-ajuda que consiga eliminar nossa fossa, e dos amigos só podemos esperar uma frase, repetida à exaustão: tire esse cara da cabeça. Parece fácil. Mas alguém aí me diga: como é que se tira alguém de um lugar tão cheio de mistérios?

Gostar de alguém é função do coração, mas esquecer, não. É tarefa da nossa cabecinha, que aliás é nossa em termos: tem alguma coisa lá dentro que age por conta própria, sem dar satisfação. Quem dera um esforço de conscientização resolvesse o assunto: não gosto mais dele, não quero mais saber daquele prepotente, desapareça, um, dois e já!

Parece que funcionou. Você sai na rua para testar. Sim, você conseguiu: olhou vitrines, comeu um sorvete e folheou duas revistas sem derramar uma única lágrima. Até que começa a tocar uma música no rádio e desanda a maionese. Você não tirou coisa alguma da cabeça, ele ainda está lá, cantando baixinho pra você.

Táticas. Não ficar em casa relendo cartas e revendo fotos. Descole uma festa e produza-se para matar. Você bem que tenta, mas nada sai como o planejado. Os casais que se beijam ao seu lado são como socos no estômago. Você se sente uma retardada na pista de dança. Um carinha puxa papo com você e tudo o que ele diz é comparado com o que o seu ex diria, com o que o seu ex faria. Chamem o EccoSalva.

Livros. Um ótimo hábito, mas em vez de abstrair, você acha que tudo o que o escritor escreve é para você em particular, tudo tem semelhança com o que você está vivendo, mesmo que você esteja lendo sobre a erupção do Vesúvio que soterrou Pompéia.

Viajar. Quem vai na bagagem? Ele. Você fica olhando a paisagem pela janela do ônibus e só no que pensa é onde ele estará agora, sem notar que ele está ali mesmo, preso na sua mente.

Livrar-se de uma lembrança é um processo lento, impossível de programar. Ninguém consegue tirar alguém da cabeça na hora que quer, e às vezes a única solução é inverter o jogo: em vez de tentar não pensar na pessoa, esgotar a dor. Permitir-se recordar, chorar, ter saudade. Um dia a ferida cicatriza e você, de tão acostumada com ela, acaba por esquecê-la. Com fórceps é que a criatura não sai.

Martha Medeiros
Disse tudo...

 
10 novembro, 2003

Tá. Eu fiz burrada no template.
Tá, eu sei.
Consegui o permalink, mas tirei dois sistemas de comentários e coloquei tudo do lado esquerdo.
Tirei a linha azul também, que dividia os posts...
Tá que eu não sei arrumar também...

Socorro pra quem sabe.

(meus planos de post eram completamente outros)

Desabafos da Polly Mattos | às 09:23 AM|

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Só mais um história...

Era divertido. Passava horas querendo uma idéia, vivia pensando em bolar coisas para agradá-lo. Fase muito criativa, cabeça a funcionar. Agitada, a mil. Se olhar tudo que escrevi, vai ver a diferença. Mas de tudo restou essa imagem destinada a "desbotar", como todo retrato. Daqui a algum tempo, alguém vai olhar e dizer: quem será que era esse casal? Pensar nisso dá angústia. se tem uma coisa que eu queria ter perpetuado era essa ligação. Não me conformo que vai desaparecer. E vai, porque até a memória se cobre de neblina, apaga contornos, omite detalhes. Memória é uma merda, falta a ela tridimensionalidade, o calor do contato, a quentura do hálito. Nada mais é que miasmas fantasmais povoados de ansiedade e nostalgia, irreproduzíveis.

Eu estava feliz e qualquer gesto dele me deixava estonteada. Diria melhor, embasbacada, num contentamento tão alucinante que me angustiava, tentando encontrar um modo de eternizar aquilo. Párar o tempo, congelar, tornar bronze, para que o instante prolongasse. Não tem jeito. A gente fica feliz e infeliz ao mesmo tempo... porque essa paixão pela tragédia? Uma vez, num dos passeios noturnos com meu pai, ele me disse uma frase, no meio de tantas outras que me pareciam sem sentido, despropositais. Qualquer coisa como a vida insuportável se todos fossem felizes o tempo inteiro. "Assim deve ser o céu, boboca, repleto de gente boa." Essa frase me desequilibrou, do mesmo modo que essa balança maluca, feliz-infeliz, me deixa sem rumo. Naquele momento, tinha certeza de que a vida seria intolerável sem ele. E está sendo.

Um mês hoje, que eu fui ali, viver um pouquinho, e depois tudo desandou.

S ei que serei esquecida
A ssim é a lei desse mundo
U m sono leve e profundo
D ura apenas um segundo
A mor...
D epois, sonhos em vão
E serei apenas saudades
S audades no coração

Último suspiro.

Desabafos da Polly Mattos | às 06:29 AM

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E o tempo passa...

Seguinte... resolvi algumas coisinhas. Eu entendo que tem gente que nem percebe, ou até mesmo nem veja tanta diferença assim, mas a dona nota né? E de alguma forma eu tento resolver, muito mais por mim, que me ligo num visual...enfim...

Coloquei tudo do ladinho que tava (fácil), achei o código da linha que separa os posts (fácil), mas não acho a cor azul certa, então ela está escura, por enquanto... (Rafael, isso é contigo...)

E por enquanto é só.
Acho.

Update: Obrigada, Rafa. Tudo voltou ao normal agora....

Desabafos da Polly Mattos | às 01:16 AM

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08 novembro, 2003

Não sei te dizer se tive realmente adolescência. Sinto que pulei essa parte. Com 14 anos, eu já tinha a mente de uns 18. Até aí, normal. Não que pararam pra me ensinar ... ao contrário. Amadureci muito pela falta disso mesmo, pela falta de companheirismo familiar. Quando escutei meu irmão do meio (o tão querido irmão) comunicar que estava de casamento marcado, chorei por uma semana. Todos nós achamos que a moça estava grávida, mas foi impulso mesmo (de tão parecidos eu e ele, acabei fazendo a mesma coisa anos depois). Casou às pressas e foi de tão mal agrado, que só eu (da família) fui no casamento dele. Chorei desde o caminho de ida, durante toda a cerimônia, e vi concretizado a "perda definitiva" quando o pastor (ela, evangélica) disse: "Pode beijar a noiva". Depois do beijo, meu irmão balbuciou para ela um "Eu te Amo", que consegui ler nos lábios dele e despenquei a chorar novamente. Agora nem tanto de sensação de perda... mas sim de alívio: ela ia cuidar bem dele. Estão casados até hoje, mas não entro em detalhes profundos com ele. Nunca mais fomos os mesmos de antes. Ele é o único que me deita no colo dele, que me abraça, que me beija, que me roda no ar... mas não somos mais cúmplices, e isto o tempo encarregou de acostumar-me.

Depois que ele casou, continuei jogando vôlei, profissionalmente, até lesar a rótula do meu joelho esquerdo e ser impedida de continuar. Veio uma sensação de eu estar perdendo muita coisa que eu gostava ao mesmo tempo e baqueei. Me sentia dentro de uma ostra, intocável. A relação familiar continuava a mesma droga e quando decidi melhorar, voltei a sair mais. Agora eu já saía aossábados e domingos, e estava prestes a debutar.

Talvez por ser a única filha mulher, minha mãe decidiu fazer A festa de 15 anos. Eu adorei, porque enfim eu teria atenção dela mais convincente. Na correria de buffet, salão, garçons, lista de convidados, bolo, vestido (usei dois!), fotógrafo, filmagem, o anel que meu pai me deu, DJ e afins me senti a filha mais amada do mundo. No cabelereiro, com um monte de gente me "montando", eu irradiava. Lembro-me que meu pai foi me buscar no salão, me levou colocar a roupa e chegamos juntos: eu, meu pai e uma amiga - a melhor, da época. Quando eu adentrei, fui aplaudida de pé ... sensações de Miss Alguma Coisa, entende? Coloquei a mão no rosto e chorei copiosamente. Com exceção daquela luz irritante da filmadora no meu rosto a noite inteira, minha festa foi impecável. Maravilhosa. Show. E me apaixonei pelo DJ.

Pronto. 15 anos. Já me achava a maior das maiores. E dava uns beijinhos no DJ, que era amigo de um amigo do amigo de um amigo meu. E que me pediu em namoro umas duas semanas depois do meu debute. E eu aceitei. E era a pessoa mais feliz do mundo: mesmo a família ter voltado à real, eu tinha 15 anos e namorava um homem lindo de 20, que me pediu em namoro pra vovó e ela deixou... realização total.

Careta? Então é porque você tem no máximo 16 anos. Teus tempos hoje são outros... e eu só tenho 29. Pra vc ver... :)

Ele virou tudo pra mim. Me ensinou a beijar (eu pensava que sabia). Quase morri quando ele, numa hora mais afobada, passou a mão nos meus seios, por dentro da blusa. Faltou-me chão, ar, sentidos. Não que não tivesse acontecido antes, mas eu estava amando, era diferente. Já faziam 6 meses de namoro, quando ele perguntou quando que eu havia chego mais perto do sexo em si... eu já havia deixado beijarem meu corpo... da cintura pra cima! - serve? Putz, que papo brabo. Eu não achava as palavras, fiquei vermelha, roxa, azul, amarela. E ele com carinho, e alguns meses depois, me fez mulher de uma forma sensacional, com muito cuidado, muita sutileza e muito amor.

Minha família endeusou-o. Ele era perfeito. Mais que perfeito. Trabalhador, descolado, DJ nas horas vagas, simpático, professor em tudo que era assunto de vida - imagina se eu podia viajar com amigas, mas com ele podia sim!, mais velho, família conhecida na cidade, homem de algumas posses, carinhoso, dedicado, amoroso, tratando todos (inclusive minha mãe, que era um doce com ele) com respeito... eu namorava um homem que 'toda mulher (inclusive toda sogra) pediu à Deus'. Na família dele, fui bem recebida, com alguma falta de confiança da parte da mãe dele no princípio, mas nada que não fosse resolvido depois de algum tempo. O pai dele, conversador, cheio de ideologia, sempre me tratou muito bem. O caçula de 4 irmãos homens, fui adotada e bem recebida ali.

Eu estava com 16 anos.
Descobrindo a vida ainda - mas desconfiando de muita coisa já.
Eu terminando o Segundo Grau e ele, a faculdade de Engenharia.
Ambos com muitos planos ... inclusive de nos casarmos.
Até a próxima cena.

:)

(No player, Luciana Melo, um amor de cantora, ensinando como é que se faz...)

 
07 novembro, 2003
 
06 novembro, 2003
Com tanta coisa acontecendo junto, o que é mais que normal, eu sei, acabei deixando de lado algumas coisas que meu senso não julgavam assim tão... é... bom... importantes. Na confusão de pôr em ordem alguns pontos, muita coisa aconteceu juntas. Não coloquei nada em ordem, mesmo porque sou péssima nisso. Os pontos se subdividem em outros 2165475554651598 pontos e acabo empacando... mas vamos lá...

Bati meu carro. Afundei o Vectra na traseira de um outro carro (um Monza). Tá, erradíssima. mas estava eu tentando fazer tudo pra ontem, parecia que tudo que eu mais queria era párar pra ficar remoendo sofrimentos ( cutucando a ferida mesmo ). Eu errei. Não prestei atenção e há tantos anos habilitada, não me perdôo (agora) pelo que eu fiz. Bendito seja o Seguro (e alguns anjos da guarda também). Desembolsarei a franquia, é lógico. Bateu na traseira, perdeu a razão. O "lado bom" é que o Seguro me disponibilizou um outro carro. E acabei gostando dele. Menor, mais parecido comigo. É um Celta. Vou acabar trocando mesmo. Não por esse que é do Seguro, mas começo o ano com carro novo. Se Deus quiser. E Ele quer.

Falando em fim-de-ano e tudo que nele consta, minhas férias estão aí, batendo à minha porta. Durante o acontecido, pensei em até não gozá-las, mas estou num stress só. Dos pés à cabeça. Tenho uma sorte de outro mundo poder descansar em pleno auge das festas. Hoje mesmo fiz uns contatos, pra viagem. Ainda assim, aceito sugestões e até convites porque não sei nada do meu Natal, quem dirá Ano Novo.

Ano Novo... meu Deus! Estava com outros planos, que se perderam no ar.... viraram fumaça. Até que as coisas se acertem (meio que no sopetão mesmo), não sei o que fazer. As meninas viajarão, com certeza. Preciso pensar. Preciso descansar.

Hoje visitei todo mundo, em alguns até saindo caladinha. Pessoas, obrigada pela preocupação. Li todos vocês e alguns textos me baquearam, confesso. Coloca pra pensar, entende? Lá no Nelson Moreno mesmo, notei que eu precisava fazer exatamente o que o post passava... "achar outros significados para o meu corpo", num completo... "tropeçar em outras realidades"... Mesmo sem querer, o Nelson me ensinou em minutos o que eu não aprendi há dias.

E assim caminha a humanidade, a minha vida, os meus sentimentos.

E não há como, nem por magia, amor virar ódio. Amor eternizará amor. A poeira só tem que baixar.

Mais uma vez obrigada aos a-mi-gos sem-pre pre-sen-tes...

(a ordem dos fatores não altera o conteúdo)

E pra outras pessoinhas muito especiais que andam aparecendo no meu email, mas não tem como linkar... obrigada também, viu?

E a vida segue.

 
05 novembro, 2003
..acha.

Acha a verdade jogada na cara, com todas as letras. Respondidas, porque faladas espontaneamente não sairiam mesmo. Quer mentir pra mim e pra vc, minta. Mas não me faça acreditar que o culpado é só você. Não que eu seja, mas não é só isso. Então, entalada em algum lugar, fica a real dessa história toda. Fica o que você me escondeu. Fica o que me fará pensar muito no que aconteceu. E acima de tudo, fica o teu maldito silêncio. Eu, por minha vez, fiz o que pude. E amei com minha melhor forma de amar. Assim como nasceu, acabo de assassiná-lo. Você me deu as armas. Mas, anote: não precisava ser assim tão cruel diante da minha situação... diante da tua covardia. Você nem tentou. Problema seu. Vou amar quem me ama. E quem não minta pra mim. A vida é assim -para os corajosos- uma eterna busca. Outra igual à mim, nunca mais, nem de vela acesa.... Te desejava o melhor até de eu mesma... Quis o teu bem integral... mas nem isso você quis de mim.... nem isso! Meti o dedo na ferida, lá dentro, e achei a verdade. Quer se ver livre? Pois bem...livre estás. Achei que te conhecia. Esquece tudo, se for capaz. Olha pra porta e vê se consegue enxergar só uma porta. Estou em tudo em tua volta. E quando doer, lembra como eu lembrarei: o amor permanece ainda assim, mesmo tão magoado gratuitamente. Ninguém explicará isso. Ninguém. Eu mesma... já emudeci.

(posso estar muito puta com isso tudo... (pensei ser muito verdadeiro, a felicidade estava estampada em mim)... mas eu sei que não é verdade o que me disse agora no telefone, por dois óbvios motivos: 1- você não fala com tranquilidade e 2- você só responde, quando perguntado, depois de pausas enormes... porém, se assim que você quer, é assim que assim vai ser)

Aqui jaz um amor sincero assassinado a sangue frio.

PS: Alerta o teu amigo, aquele que me disse que você faria a mulher que estivesse ao teu lado a mais feliz do mundo... Fala pra ele que você não é capaz. Explica pra ele que você não tem coragem. Explica também que perdeu, tanto quanto eu. Ou mais que eu.
PSII: Lembrei-me de um 3º óbvio motivo, que você está mentindo: se nem aí estivesse, se nada mais existisse mais mesmo, porque não posso ir pro Rio?
PSIII: Agora, vou cuidar de mim.

 
04 novembro, 2003

Para não cair no marasmo que vai ser meus próximos dias (bem provavelmente), e também para atender essa minha necessidade de escrever, vou colocar aqui alguns pedaços de história... talvez a minha própria... talvez não.


Cena 1 - A Criação

Desde que eu me conheço por gente, fui criada pela minha avó materna. Sempre ouvindo minha mãe dizendo que não tinha tempo pra gente, que tinha que trabalhar... (eu e meus dois irmãos, mais velhos...sou a caçula). Desde que eu me lembro, moramos sempre numa mesma casa, antiga, velha, quadradona. Inúmeros quartos, piso de madeira - em alguns cômodos, parecíamos estar numa história de terror, uma cozinha imensa, e todo o resto duplicado: dois banheiros, duas salas, duas áreas de serviço.... fui entender aquilo bem depois... Eram duas casas geminadas, que com o tempo, viraram uma só. Big house. E foi lá que eu cresci. Sempre tivemos fartura, mas nada luxuoso. Até hoje carrego a mania de comer na sala, com o prato nas mãos. Estudei em escolas públicas, todas por perto, indo e vindo com meu irmão do meio, por quem eu era apaixonada. Caminhávamos de braços dados, eu toda orgulhosa de ter um irmão bonitão... Em casa, éramos eu, vovó, vovô, titia (que continua solteira até hoje) e meus dois irmãos. Meus avós nunca pararam pra me explicar sobre nada - não sei o que são diálogos familiares. O que aprendi, foi escutando histórias "no vizinho", na vida ou pela boca de meu irmão do meio. Nunca conversaram sobre drogas, sexo, más companhias. Tanto é que quando fiquei "mocinha", achei que tinha me machucado.

No alto dos meus 9 anos, cheia de idéias e curiosidades, resolvi que ia morar com os meus pais. Bati o pé, fiz a mala, sentei no portão até que viessem me buscar. Minha mãe relutou - tinha que trabalhar! - , mas meu pai - um santo homem - veio me buscar e lá fomos nós, de mala, cuia e bicicleta. Tenho pequeníssimas lembranças de minha infância, mas disso eu lembro muito bem: não fiquei lá uma semana. Com tanta raiva da minha mãe, vim embora sozinha para a casa de minha avó de novo - e era longe à beça. Meu pai, tadinho, não sabia o que fazer. E eu bufava, enquanto minha mãe, aos berros, fazia tempestades na nossa frente. Foi ali que, definitivamente, acreditei que era filha de papai, mas dela... impossível. Essa incompatibilidade dura até os dias atuais... mas isso vêm numa próxima história.

Cresci cada vez mais apaixonada pelo meu irmão do meio, enquanto o mais velho se matava de trabalhar desde adolescente - e ser o mais fechadão dos três. Morria de ciúmes das namoradas do meu irmão do meio, e muitas vezes dizia que ele não estava, sendo que ele estava no banho, ou assistindo TV em algum lugar daquele casarão. Depois que ele ficava sabendo, eu fazia cara de cachorrinha abandonada, e ele gargalhava. Tudo mudou quando ele casou-se e eu logo depois dele, me casei também. Mas isso também é outra história.

Eu estranhava tudo naquela casa e vivia comparando-a às casas de minhas amiguinhas de escola... não tínhamos muito contato, não tinha beijo, não tinha lanche ao entardecer. A comida sempre ficava lá, pra quem quisesse comer, na hora que bem entendesse. Sempre preservaram algumas datas, onde fazíamos de conta que éramos uma família feliz, comemorações do tipo Dia das Mães ou Natal. Mas sem muito contato, estampados na cara de cada um a obrigação de estar por ali, por perto. Cada vez que eu ia na casa de uma amiga, e a mãe chegava com lanche na bandeja e perguntava se eu desejava mais alguma coisa, eu me sentia a própria Lady Di. Pôxa, tanto carinho! Acabei adotando algumas famílias como se fossem minhas, e sofrendo bastante com isso também - mas nunca cobrei nada, achando que era o jeitão deles mesmo e pronto.

Com 12 pra 13 anos, comecei a sair e a endoidecer minha avó. Ninguém falava nada, mas minha avó achava o cúmulo. Saía para aquelas domingueiras, danceteiras onde reuniam a turma do boné e as melissinhas da vida, e eu amava. Muitas vezes, saí batendo a porta, mas meia-noite eu estava de volta. Foi lá que conheci o outro lado de ser adolescente. Não tinha isso que tem hoje, essa impulsividade toda, pra dar um beijo na boca, nos era respeitavelmente pedido. Ao som do Stevie B e do C&C Music Factory, embalávamos com os gatinhos da cidade e eu pedia que o domingo não acabasse nunca. Foram nessas baladinhas que descobri o beijo, o abraço, o aperto, a passada de mão, a língua, os amassos... e quer saber? não queria párar mais.

Até os 14 anos, foi assim. Estava terminando o primeiro grau, era uma boa aluna, sempre fui. Não tinha tido namorado ainda... mas tinha algumas experiências no Currículo Amoroso. Até aí eu também nunca tinha trabalhado, nem pensava nisso. Era jogadora profissional juvenil de vôlei no clube da cidade, graças ao meu irmão do meio, que jogava também. Estava apaixonada pelo meu professor de Matemática, que nunca deu bola pra mim. E estava prestes a conhecer aquele que virá a ser meu marido e pai das pimpolhas. Minha avó já havia desistido de mim - não deixava faltar nada, ela dizia, mas obedecer? não tem jeito essa menina! Minha mãe aparecia de vez em quando, pra implicar comigo... Meu pai, que tem uma mansão lá no céu de tão bom esse homem, vinha de bicicleta me ver todo santo dia, mas nunca me beijou (pasme!). Me abraçava, me embalava, mas beijo, nunca. Meu irmão mais velho, atolado de trabalho, nem sabia direito dele. Minha tia, depois de um concurso, passou a trabalhar de Secretária numa escola e está lá até hoje. E eu? Eu cresci mais um pouco. Numa próxima cena, eu conto

 
03 novembro, 2003

Venho-lhes informar que a viagem por esse blog provavelmente se tornará tediosa para vocês. Se compartilhar de um pouco (ou de um muito) de minha melancolia for para vocês tão melancólico quanto, entendo perfeitamente a provável ausência por um tempo. Tempo esse que não sei prever. Nem eu, nem vocês. E nem ninguém. Tempo que pode ou não curar tudo. Só que nesse tempo (e como estou contando com ele!) não conseguiria nunca mentir aqui, nem em lugar nenhum. Não sei (por melhor que seja) dizer que está tudo bem, se realmente não está. E me odeio por isso, por ser tão transparente, até na droga de uma tela. Quem me conhece, sabe bem. Pior do que mentir pra vocês, é mentir pra mim. E sim, levo isso tudo aqui tão à sério quanto a minha própria vida. Um dia esse blog pode ter sido uma brincadeira de HTML's da vida, hoje tenho conhecido pessoas que se tornaram importantes na minha vida. São elas que deixam tanto carinho nessas caixinhas aí. Não posso brincar de blog, como também não posso obrigar vocês lerem tristeza. E estou triste. Magoada. Carente. Solitária. Mal. Chorona. Despropositada. E preciso, mais do que nunca precisei, colocar em prática toda teoria que um dia falei para pessoas amigas na mesma situação que eu. Até lá, sinta-se à vontade de vir aqui esporadicamente ou simplesmente não vir, até que eu melhore ou até que me volte alguma feição mais aceitável no meu rosto. Incrível essa vida, né? Incrível. Há menos de 5 dias, eu estava respirando amor.... picos e vales, sempre. Mas há de haver uma versão mais feliz da minha vida. E é atrás dela que vou correr. Não é possível que eu esteja tão errada quanto ao que acredito. É inadmissível que eu não tenha alguma razão... E para os que ficarão por aqui, o que dizer? ...vocês são meus benzinhos.


 
01 novembro, 2003

Eu havia prometido que não ligaria. Não prometi só pra mim, prometi pra uma pessoa querida também. Mas liguei. E mereço agora cada minuto de bronca das pessoas que gostam de mim. Eu liguei porque sou cheia de anseios, porque queria saber se a festa do aniversário do amigo tinha sido legal. E é claro que tinha sido. E por causa de um "precisamos conversar", a conversa começou; e como tudo foi rápido nessa história, a conversa também foi nessa mesma velocidade: rápida demais. Não vou aqui lamuriar a perda. Isso mesmo: perdi. Mas não perdi pelo fato de tanto te amar. Perdi tempo. Perdi tempo te envolvendo em projetos, sonhos, planos, idéias. Perdi tanto tempo nisso, que nem mesmo tive tempo pra perceber o tanto de tempo que estava perdendo. E lógico que vc quer que sua vida continue organizada. É claro que não sabe onde me encaixar nela. É claro que esse papo de definição veio bem a calhar. Nem nas coxas, nem em lugar nenhum. Vc tem toda razão. Absolutamente toda razão. Desconsidere parte de tudo o que tentei te dizer. Digo tentei, porque é assim que eu estava me sentindo: tentando. Desconsidere porventura a lágrima também. Se aconteceu, foi bem mais por mim do que por qualquer outra coisa, ou por vc. Não adianta e não vou lamuriar esse meu jeito aqui também. Esse meu jeito = sincero = virtude... vc me disse. Cuidarei mais de minhas virtudes então, já que elas afastam as pessoas de mim.

Você se disse idiota, nisso vc também tem razão. Só um idiota pra se perder tanto nas palavras, nos gestos, nas decisões, na própria vida. Vida essa que não é somente a que você quer, é a qual você merece. Note: só estou a concordar contigo. Se você não me abrisse tantos os olhos, eu nunca enxergaria tais "predicados" em você. Acima de tudo, cherry, desconsidere a última parte da nossa conversa, onde ainda movida por algum amor e completamente tomada pela falta de auto estima, falei mais bobagens ainda. Bobagens que depois me tiraram o sono. Bobagens depois que vi que são inconcebíveis na minha vida. Eu vou ficar bem. Não sei você, mas eu vou. Pelo menos deitarei com a consciência de que nada fiz, a não ser me dispôr a escutar um tanto de coisa emaranhada e sem nexo juntas. Mesmo já tendo conhecido algumas histórias, com quase 30 anos, ainda não me havia acontecido nada semelhante, do tipo "eu quero, eu desejo, eu amo... mas eu não posso". Se não pode, se encerra aqui. Dessa forma estranha de deixar um adeus. Dessa forma precipitada, incoerente, relapsa, canalha e cretina de dizer adeus. (outra coisa inconcebível... queria ver se você falaria o que falou olhando pra dentro dos meus olhos, mas isso é uma coisa que nunca saberemos)

Me odeie por isso, me odeie por essa atitude, por abrir essa história aqui no blog, mas era isso ou deletá-lo. E deletá-lo seria drama demais. Continuo preservando os meus princípios (também os tenho, percebe?) de que odeio hipocrisia, mentira ou qualquer ramificação dessa natureza. Então, eu não saberia ser hipócrita aqui, assim como eu não saberei ser hipócrita na vida. Está estampado em luzes de neon pra quem quiser notar. É assim mesmo, transparente e crucificante. Contente-se pelo fato de que ninguém vai entender muita coisa mesmo, já que o post abaixo era mais uma declaração de amor, e o abaixo, e o abaixo, e o abaixo também..... Espero que vc (também) fique bem (como eu sempre quis, desde o início).

Para "celebrar", Detonautas no player, como não podia deixar de ser. Só que agora é de uma forma diferente.
E como vc mesmo disse, o amor permanece, talvez até para sempre, porque amor não se recicla.

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