08 novembro, 2003

Não sei te dizer se tive realmente adolescência. Sinto que pulei essa parte. Com 14 anos, eu já tinha a mente de uns 18. Até aí, normal. Não que pararam pra me ensinar ... ao contrário. Amadureci muito pela falta disso mesmo, pela falta de companheirismo familiar. Quando escutei meu irmão do meio (o tão querido irmão) comunicar que estava de casamento marcado, chorei por uma semana. Todos nós achamos que a moça estava grávida, mas foi impulso mesmo (de tão parecidos eu e ele, acabei fazendo a mesma coisa anos depois). Casou às pressas e foi de tão mal agrado, que só eu (da família) fui no casamento dele. Chorei desde o caminho de ida, durante toda a cerimônia, e vi concretizado a "perda definitiva" quando o pastor (ela, evangélica) disse: "Pode beijar a noiva". Depois do beijo, meu irmão balbuciou para ela um "Eu te Amo", que consegui ler nos lábios dele e despenquei a chorar novamente. Agora nem tanto de sensação de perda... mas sim de alívio: ela ia cuidar bem dele. Estão casados até hoje, mas não entro em detalhes profundos com ele. Nunca mais fomos os mesmos de antes. Ele é o único que me deita no colo dele, que me abraça, que me beija, que me roda no ar... mas não somos mais cúmplices, e isto o tempo encarregou de acostumar-me.

Depois que ele casou, continuei jogando vôlei, profissionalmente, até lesar a rótula do meu joelho esquerdo e ser impedida de continuar. Veio uma sensação de eu estar perdendo muita coisa que eu gostava ao mesmo tempo e baqueei. Me sentia dentro de uma ostra, intocável. A relação familiar continuava a mesma droga e quando decidi melhorar, voltei a sair mais. Agora eu já saía aossábados e domingos, e estava prestes a debutar.

Talvez por ser a única filha mulher, minha mãe decidiu fazer A festa de 15 anos. Eu adorei, porque enfim eu teria atenção dela mais convincente. Na correria de buffet, salão, garçons, lista de convidados, bolo, vestido (usei dois!), fotógrafo, filmagem, o anel que meu pai me deu, DJ e afins me senti a filha mais amada do mundo. No cabelereiro, com um monte de gente me "montando", eu irradiava. Lembro-me que meu pai foi me buscar no salão, me levou colocar a roupa e chegamos juntos: eu, meu pai e uma amiga - a melhor, da época. Quando eu adentrei, fui aplaudida de pé ... sensações de Miss Alguma Coisa, entende? Coloquei a mão no rosto e chorei copiosamente. Com exceção daquela luz irritante da filmadora no meu rosto a noite inteira, minha festa foi impecável. Maravilhosa. Show. E me apaixonei pelo DJ.

Pronto. 15 anos. Já me achava a maior das maiores. E dava uns beijinhos no DJ, que era amigo de um amigo do amigo de um amigo meu. E que me pediu em namoro umas duas semanas depois do meu debute. E eu aceitei. E era a pessoa mais feliz do mundo: mesmo a família ter voltado à real, eu tinha 15 anos e namorava um homem lindo de 20, que me pediu em namoro pra vovó e ela deixou... realização total.

Careta? Então é porque você tem no máximo 16 anos. Teus tempos hoje são outros... e eu só tenho 29. Pra vc ver... :)

Ele virou tudo pra mim. Me ensinou a beijar (eu pensava que sabia). Quase morri quando ele, numa hora mais afobada, passou a mão nos meus seios, por dentro da blusa. Faltou-me chão, ar, sentidos. Não que não tivesse acontecido antes, mas eu estava amando, era diferente. Já faziam 6 meses de namoro, quando ele perguntou quando que eu havia chego mais perto do sexo em si... eu já havia deixado beijarem meu corpo... da cintura pra cima! - serve? Putz, que papo brabo. Eu não achava as palavras, fiquei vermelha, roxa, azul, amarela. E ele com carinho, e alguns meses depois, me fez mulher de uma forma sensacional, com muito cuidado, muita sutileza e muito amor.

Minha família endeusou-o. Ele era perfeito. Mais que perfeito. Trabalhador, descolado, DJ nas horas vagas, simpático, professor em tudo que era assunto de vida - imagina se eu podia viajar com amigas, mas com ele podia sim!, mais velho, família conhecida na cidade, homem de algumas posses, carinhoso, dedicado, amoroso, tratando todos (inclusive minha mãe, que era um doce com ele) com respeito... eu namorava um homem que 'toda mulher (inclusive toda sogra) pediu à Deus'. Na família dele, fui bem recebida, com alguma falta de confiança da parte da mãe dele no princípio, mas nada que não fosse resolvido depois de algum tempo. O pai dele, conversador, cheio de ideologia, sempre me tratou muito bem. O caçula de 4 irmãos homens, fui adotada e bem recebida ali.

Eu estava com 16 anos.
Descobrindo a vida ainda - mas desconfiando de muita coisa já.
Eu terminando o Segundo Grau e ele, a faculdade de Engenharia.
Ambos com muitos planos ... inclusive de nos casarmos.
Até a próxima cena.

:)

(No player, Luciana Melo, um amor de cantora, ensinando como é que se faz...)