14 dezembro, 2006

Menos um ano. Eu realmente só percebo que o ano acabou quando as luzinhas piscantes tomam conta das lojas, as musiquinhas 'então é natal' gritam nos alto-falantes, as ruas lotam de consumidores, a cidade vira um caos e eu começo a levar mais tempo para ir e voltar do trabalho.

Daí eu faço aquela cara de 'caraca, já acabou o ano!' - balançando a cabeça pra cima e pra baixo, encurvando a boca num inverso de sorriso, naquelas feições que se faz quando achamos uma coisa rápida demais, ou estranha demais. Quando chegou meu primeiro presente de natal [dela], aí sim, confirmou-se tudo: Caralho, é Natal de novo.

Não que mude muita coisa. Geralmente, passo a noite de Natal com minha pseudo-família, que é tortíssima, mas nessas ocasiões nos reunimos -com alguma hipocrisia, vá lá. Esse ano, vai ser mais complicado, porque minha avó se acidentou, quase perdeu a orelha numa queda besta no banheiro - não, não foi nem no banho. Levou 28 pontos para colocar a orelha no lugar de novo e o corpo ficou todo roxo, onde bateu, tadinha.

O pior já passou, mas no dia que saí pra comprar uma cadeira de banho e muletas pra ela, senti uma pontada no coração. Tive até que párar o carro, pra respirar, porque o negócio foi feio: estava indo comprar muletas pra vovó. Dado o fato, que ela precisa agora de apoio para andar e que não pode mais ficar sozinha de jeito nenhum - a porta do banheiro foi substituída por uma cortina, porque ela é teimosa e tal, o que mais pega nessa história toda é que ela anda... triste. Muito triste. Triste demais.

Quando vou lá, brinco, até falo: 'falasse que queria arrancar a orelha fora, que a gente cortava e doía menos'. Ela ri baixinho, mas está visivelmente deprimida e isso me entristece também. Depois de muitas discussões, minha tia saiu do emprego para dar mais atenção è ela. Ganhava muito pouco, irrisório mesmo, e tava na cara que era pra não ficar em casa. Precisou de um grande susto pra perceber que a mãe necessita dela em casa, integralmente.

Minha mãe, que é péssima em tudo, é ótima nisso: cuida da mãe. Embora tenha operado recentemente (pedra na vesícula) há uma semana tá lá, do lado da mãe, ajudando. Mas eu estava falando do Natal. Que já ta aí, nas portas.

Por falar em porta, pendurei meu Papai Noel e ganhei um presépio da Raquel, que tá montado no rack da sala. Sempre quis fazer um Natal em casa, mas protelarei de novo, por causa da vovó. Mandei algumas lembrancinhas, porque infelizmente não estou podendo quase nada esse ano e enviei alguns cartões. Depois da passagem do Natal, sempre dou uma passada na casa de um amigo, [flash], que é aniversário dele e acabo rindo muito com o pessoal. Ele me ligou anteontem, convidando de novo, e dizendo que nem ia fazer por causa do pai, [flash 2], mas que não conseguiria não reunir os amigos e que assim era melhor.

- Você vêm, né?
- Claro, claro que vou.

Há algum tempo atrás, esse mesmo amigo e eu tivemos uma pequena discussão, porque essa minha visão de 'faço tudo por vc, e quero o mesmo' acaba atrapalhando e surgiu uma história onde ele demonstrou dedicação nula à mim. Não briguei, mal disse alguma coisa, mas fiquei chateada, claro. Não entendi porque ele não tinha me 'defendido' e passaram semanas, acabando a cair tudo no esquecimento. Um dia, ele me liga pedindo perdão do que fez, e esse dia eu chorei de felicidade, sabe?

- Oi, xuxu. É o Vítor.
- Oi, Ví.
- Tou ligando pra te pedir perdão, cara. Te amo demais, nem tenho dormido direito pelo que eu te fiz. Ou melhor, pelo que eu não te fiz. Eu fui um idiota.

Tem gente que vive pra ouvir isso um dia, creio. Tenho bons amigos. E essa época de tão perto do Natal, onde me dá um clique e começo a repensar tudo, é quando PERCEBO isso.

Esse foi o post mais sem conexão que já escrevi. Você jura que leu?