28 outubro, 2004
Ele era, digamos, diferente. Não era bonito, não era feio. Tá, era um feio arrumadinho, do tipo bonitinho. Mas chamava uma atenção além mar. Inteligente à beça. Idealista. Cheio delas. Ela o conheceu assim, num desses papos de chamar a atenção mesmo.

Se tornaram amigos. Bons amigos. Ela sabia que se não fosse a história de amizade, ela tentaria seduzi-lo; mas nunca tentou, nem ele à ela. Talvez por ela ter um certo preconceito de amizade e romance, sabe-se lá porquê. Eram amigões mesmo. Até o dia em que ele começou a namorar. E ela começou a ter ciúmes. Se afastou, naturalmente, porque mancada daquela ela não poderia dar. O moço era livre. Deixasse ele namorar, então.

Depois de algumas semanas, ele ligou pra ela. Queria saber porque ela estava tão diferente. Ela não quis falar. Então, ele a chamou pra sair e deu a entender que seria só eles dois... ela aceitou. Foram para um barzinho megabadalado, ali, pertinho da casa dela. Ela gostou de estar perto dele novamente. Ela até estava olhando pra ele diferente do que sempre olhou. E ele, claro, notou. Apesar dela sempre manter um interesse implícito nele, não saberia explicar se o fato dele estar namorando foi o que provocou algo mais forte do que já sentira um dia ... porque, de repente, ele se tornara incrivelmente sedutor... i-n-c-r-i-v-e-l-m-e-n-t-e.

No fundo do bar, haviam pistas de jogo de dardos, que ela adora, por sinal. Foram pra lá. Foi ele que a ensinou jogar dardos, a propósito. E, como era de costume, ele ficou em posição de instrutor, atrás dela (!), pegando na sua mão, ajeitando o queixo dela (para melhorar a mira) e, diferentemente das outras tantas vezes que jogaram dardos, nessa ele começou a falar ao pé do ouvido, quase que num sussuro.

Ela sentiu a pele arrepiar. Viu a pele arrepiar. Ali, jogando dardos, ele disse tudo que estava engasgado desde quando eles se conheceram. Toda a fantasia que ainda morava nele. Toda a vontade que ele abafou, conteve. Contou, com detalhes, tudo o que já desejou intensamente... com ela.

E ela, de cabeça baixa, só ouviu, continuando a ver e sentir os pêlinhos de seu braço (e sabe-se lá Deus mais onde) arrepiarem. Saíram do jogo de dardos para a melhor noite da vida dela. A melhor. Depois disso, em três ou quatro meses, ele casou-se com a dita namorada.

Hoje ou amanhã, não importa.
O que tem que ser, virá a ser.
Quem desacredita?

Desabafos da Polly Mattos | às 12:06 AM|

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Uia!



Ele tá se referindo à isso.
Legal. Desabafos da Polly Mattos | às 12:03 AM