23 outubro, 2004
Ela dirigia horas e horas, pézinho de chumbo o dela. Antes mesmo da partida, ela perguntava: Com emoção ou sem emoção? e gargalhava... Uma vez, rumo à praia, ela foi parada por policiais rodoviários... mas ela nem se abalou. Muniu-se do que melhor ela tinha (e sabia que tinha): seu sorriso. O policial se derreteu todo, claro. O máximo que ela escutou foi: Não faça isso outra vez, hein?
Passados cinco ou dez minutos do acontecido, ela fala com um certo orgulho: E ele nem viu que a habilitação tá vencida.... O fiel escudeiro, que a acompanhava, sabia disso. Sabia também que ela já se recusara em renovar o documento, por ser ousada como só ela consegue ser. Teve fases que ela não carregava nenhum documento sequer. As vezes nem abria sorriso nenhum. Mas sei lá o que ela tinha; só que o estratagema sempre funcionava. Sempre.
E um dia ele até confessou para ela o quanto isso o fascinava. O quanto ela era impune, fazendo-o apaixonar ainda mais. Ele a achava corajosa, esperta. Mas no fundo ela é diferente, afinal, ela nunca quis ser igual aos outros.