17 abril, 2004

Eu vi o filme, pirateado, em casa. Chorei igual à uma criança sem berço. Mas pelo menos assisti no meu confortável sofá da sala, onde eu podia dar pausa e ir tomar uns goles de água pra aliviar.... Opiniões à parte, pq opinião é igual **, cada um tem a sua, achei um post de um blog pra lá de inteligente, que leio faz tempo, mas esse eu tive que copiar aqui... é exatamente o que penso. Nota: eu não ia falar nada sobre o filme, por não ter encontrado as palavras certas, mas enfim encontrei.... grifos meus. E não se fala mais nisso.

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Sexta-feira, Abril 02, 2004
A PAIXÃO DE GIBSON
André Gonçalves

Tenho certeza que se "A Paixão de Cristo", do Mel Gibson, não fosse sobre a própria e, sim, sobre a paixão de Joaquim, de John ou de Zé Ninguém, das duas uma: ou o filme seria desprezado ou faria de Gibson um novo Quentin Tarantino.
O sangue que espirra na cara da gente não seria tão salgado se não fosse derramado pelo Filho de Deus. O filme não iria chocar tanto se quem levasse trinta e duas chibatadas de sádicos e "clichezados" soldados romanos fosse um pobre, negro e favelado, de qualquer cidade brasileira. Mas é Dele, do Messias. O sangue que Ele derramou por nós no Calvário choca muito mais do que o sangue derramado em cada esquina do Brasil por tantos "filhos de Deus" porque nos lembra que cada chibatada, cada naco de carne que pula na tela, cada passo dado entre os 500 metros que separavam o palácio de Pilatos da colina do Gólgota, com o pecado do mundo nas costas, foi o preço que Cristo pagou para nos livrar do mal. A Paixão de Gibson choca muito mais por nos deixar com a sensação de que não fomos merecedores do seu sofrimento do que por ser realmente algo de uma violência nunca vista no cinema. Já se viu coisa muito pior, em termos de sadismo e sanguinolência. Já se viu coisa pior em termos de violência. Não há, na verdade, porque tanto choque. São cenas fortes, sim. Mas são fortes, principalmente, pelo simbolismo impregnado em nossa mente cristã desde crianças. São fortes porque doem na alma da gente.
Diz-se que é um filme anti-semita. Não acho. Opinião de leigo, claro. Mas mesmo assim, não acho. Seria como dizer que qualquer filme que mostre nazistas é anti-germânico. Diz-se que é um filme superficial. E é, mesmo. Um filme que trata das últimas doze horas de Cristo não teria como não ser superficial e precisa ser focado no que aconteceu nesse período. Além do mais, todo cristão tem, em tese, obrigação de conhecer toda a história do Salvador. Está tudo na Bíblia. Estão todos lá. Se você é cristão e não reconhece os personagens do filme, não é o filme que é ruim. É você que é um cristão, no mínimo, relapso. Como eu sou. Não reconheci vários deles. Mas fui buscar quem era quem. E conheci Verônica, e conheci Simão Cireneu, e conheci um pouco mais do que conta o Livro Sagrado.
É muito fácil criticar Gibson e o sangue da Paixão de Cristo. É mais difícil criticar a nós mesmos e ver que aquilo tudo que Ele passou para nos redimir parece ter sido em vão. É mais difícil convencermos a nós mesmos de que se aquilo tudo que vimos acontecesse hoje, em 2004, poderia ter o mesmo final. Você, aí, acreditaria que um homem pobre, de barba, dizendo-se filho de Deus, não era um louco? Você não o iria crucificar, mesmo de forma metafórica, na mesma hora? Pode até dizer que não. Não duvido de você. Mas, tem certeza?
Eu gostei do filme. Existem outros melhores. Existem filmes que mostram toda a mensagem de paz, esperança e fé deixada por Cristo. Óbvio. Mas o que esse filme tem de diferente é justamente a crueza das imagens. Que embrulham mais do que o estômago: embrulham o peito. E não é pelo sangue. O "sensacionalismo" de Gibson choca muito mais por nos fazer perceber que a mensagem de paz já não nos impressiona mais.
Porque, sangue por sangue, a gente pisa nele toda noite, ao sair do trabalho e ir para casa. E não está nem aí.

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