20 dezembro, 2006
"Não somos palhaços. Aumentem sua carga de trabalho, não seus salários"

Campanha bloguística CONTRA o aumento abusivo dos salários do dePUTAdos e $enadore$, por Rayol. Indigne-se também.

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Agradecimento especial ao David, que me colocou devidamente trajada de palhaça para combinar com esse país de piada.

Dizem que fazer barulho é bobagem. Vivo escutando que uma pomba só não faz verão. Mas e se chamarmos muitas pombas? A idéia é essa. Usar todos os canais de comunicação possíveis a você para dar uns berros. Porque só ficar assistindo a merda sendo jogada na nossa cara é fácil. Dizer que 24 mil reais por mês é um absurdo sem mover uma pena, providencial. Não gasta-se forças, inteligência, cliques, nada. Mas aí o "verão" não vêm.

O cara lá se reelegeu, contra toda a minha vontade. Odeio lembrar que um dia votei nele. Odeio ver ele gerenciando a burguesia, e jogando migalhas aos fracos. Odeio ainda mais os fracos, por aceitarem o peixe mensal sem nunca se preocupar-se em aprender a pescar. Sinto-me envergonhada. É novidade em cima de novidade, tudo contra essa porcalhada, mas ela não se desfaz.

É duro se render. É duro acreditar num país assim, onde vemos o poder reinando absoluto. Aí, gritamos, batemos panela, formamos um grupinho ali e aqui de militantes, com Mi maiúsculo, diante do aumento dos próprios salários que passa do abusivo. Que passa de todas as limitações, entendimentos, paciências. Me importo sim. Me importo em ver salários dobrando, radicalmente utópicos no país do blablabla, onde a senhorinha e o senhorzinho fazendo café lá no casebre nos cafunhonhós dos judas não entende nem quanto é tudo isso. E se entende, certamente pensa que os caboclos trabalham tanto que merecem tal recompensa.

Já eu e você, e muitos outros entendemos que é uma puta tirada. Riem de nossas caras assim, em horário nobre. Se defendem. Te juro que eu teria vergonha de colocar minha fuça na mídia para defender um salário assim. Quem não quer, pode doar. Ah claro. Me sinto muito melhor agora em saber que dois ou três que honram seus eleitores estejam tão envergonhados quanto eu. Inapetência.

Eu juro que passo mal. Literalmente, passo mal. Me dá nojo, asco, ânsia. Não quero me sentir uma única pomba. Não quero bancar a educadinha, que deita no sofá depois de se matar no trabalho e vê que o aumento não será para 24 mil e sim pra 16 mil. Não me importa o aumento, as cifras. Me importa o ato vergonhoso. Eu não quero mais é ficar quieta. Eu não quero mais ser gentil e complascente com notícias assim. Sou uma pomba. Seja você também.