14 julho, 2004

Tecnicamente, até dia 26 estou em casa. A pretensão são "férias", que na conjuntura de sua significativa, quer dizer "descanso", na maioria das vezes.... Ainda no terceiro dia, passei a contar o que já foi -porra, já foram 3 dias de 15- e morro de medo dos que ainda faltam.

Como prometi, não fiz lista de nada, nem sei como vou rumar pelos próximos. Hoje, acordei e dispensei a Anita. Quero ficar só. As meninas estão na minha avó desde ontem, com as corujices semanais já propostas desde então... mesmo porque estou sendo péssima mãe - constatação horrível, diga-se de passagem.

Esse "descanso" - repito- me é bem conveniente, mas não me servirá de muitas coisas não, já percebi. Ando ruinzinha de saúde, com muita náusea e com o fígado em frangalhos. Cheguei a vomitar um dia inteiro... e se não fosse a ordem natural das coisas me respondendo o contrário, eu diria até que estou grávida, ainda que do Espírito Santo - putis, ainda consigo brincar... mas por favor, não satirizem isso, foi macabro, confesso.

Tudo que eu mais desejo é conseguir, nos próximos dias, pegar o carro - parado lá, coitado- e pegar estrada até ali, para comer bolo de cenoura, descansar de verdade na ala leste e ver 4 gurias correndo pra cima e pra baixo. É um convite pra lá de tentador, mas devido todas as circunstâncias, eu duvido muito. Nesse caso, todo o meu conceito de "querer é poder" vai por ralo abaixo.

Deus, seja bom comigo, sim?

Impressionantemente, me descobri um fiasco. De repente, assim. Todo meu auto-controle se perdeu no caminho. Deparei com ralés e me desconcentrei, perdi o rumo, soltei o verbo, descontrolei. Ei, aquela não era eu, juro. E desde então, percebi o quão fraca consigo ser. Caramba, e isso dói, viu?

Não, não é um puta dum problema insolucionável, mas pela primeira vez na vida, quis sumir.... nunca trabalhei tanto na minha vida, para de repente eu não conseguir dar um passo.... pensei em largar tudo - essa casa que adoro, principalmente. E mais uma vez eu confesso: essa idéia ainda me ronda. Pago qualquer coisa pela minha paz, só me dar o preço.

Hoje eu só quero estar só, assim, o dia todo. Arrumei a minha cama, lavei a louça, fiz um café, recolhi a roupa - e você não tem noção de quanto tempo eu não fazia isso. Fiquei por muito tempo olhando-me no espelho - engordei, primeira impressão; meus olhos não me revelam, segunda impressão.

Ainda consigo desconectar-me, fazendo graça comigo mesma, brincando de ser feliz. Ontem, creiam, fui ver Bruno&Marrone! Eu não balbuciei uma só frase de uma música sequer deles (e daí que me dei conta que não conheço praticamente nada da dupla) e fiquei ali perdida em pensamentos...

(um mega-show, uma mega produção, e dois mega prepotentes cantando)

... de como esse povo esquece a humildade em casa, depois que cria um nominho na mídia... Se eu gostasse, ao menos, falaria aqui, numa boa, mas nunca fui chegada. Conheço a música do Seu Guarda, da praça, que ele não é vagabundo, nem delinquente, é só um cara carente e talz... mas conheço porque tocou tanto nas rádios, até meu saco arrastar no chão, tipo música-que-impreguina. E se você estiver se perguntando porque raios então que fui até um show que não me simpatizo, creia: estou me fazendo a mesma pergunta também, até agora. Fuga, talvez. E pra fugir, serve qualquer coisa.

(Mas nem tudo foi perdido: eles cantaram uma música das antigas, que adoro, mas não me recordo mais quem canta, na verdade... diz assim: "não fala nada, deixa tudo assim por mim...eu não me importo que já não somos bem assim... é tudo real as minhas mentiras... assim não faz mal...assim não me faz mal não... noite e dia se completam, o nosso amor e ódio eternos...eu te imagino, eu te conserto, eu faço a cena que eu quiser... eu tiro a ropua pra você... minha maior ficção de amor...e eu te recriei só pro meu prazer...")

No quesito show ainda, para registrar, Dinho continua lindo, salve salve. Foi engraçado ver o naipe da galera que assiste Capital Inicial... Tudo numa mesma rama de idade... como ele mesmo diz, há muito tempo eles estão na estrada, ele já não é mais nenhum garoto (quarentão, o moço) -se bem que sem camisa, ele ainda continua maravilhoso- e os "fãs" seguem uma risca... não tinha turma do boné, sacou? Era muito mais uma galera acima dos vinte e tantos... e além do quê, vamos combinar, o Dinho é um cara pra lá de humilde, interage o tempo todo, conversa, senta na beira do palco, pega câmeras e tira foto focando dele pra multidão... e fala um "Do Caralho" que arrepia até a alma.... Cresci ouvindo CI, adoro (Fernan)Dinho Ouro Preto e nunca vou cansar deles.

Como pode perceber, apesar de minha vida dar uma declinada federal, vou tentando não enlouquecer. E é com o Dinho que fecho esse post, mezzo lamúrias (que odeio), mezzo a-vida-segue-mesmo-assim. Grifos desesperadamente meus....

Primeiros Erros

Meu caminho é cada manhã,
Não procure saber onde estou,
Meu destino não é de ninguém

E eu não deixo meus passos no chão.
Se você não entende, não vê,
Se não me vê, não entende,
Não procure saber onde estou
Se o meu jeito te surpreende.
Se o meu corpo virasse sol,
Minha mente virasse sol,
Mas só chove e chove,
Chove e chove.

Se um dia eu pudesse ver
Meu passado inteiro
E fizesse parar de chover
Nos primeiros erros,

Meu corpo viraria sol,
Minha mente viraria sol,
Mas só chove e chove,
Chove e chove.