Eu adorava dançar quadrilha... mas a parte do túnel, quando o chapéu sempre caía, me deixava envergonhada, mesmo não sendo a única.... e corre buscar o chapéu!
Eu adorava ir em quermesses do bairro, da igreja, da rua, da vizinha, donde for... comer bolinho, quentão, cachorro-quente, sentir o cheiro bom do vinho-quente, receber correio-elegante, quase infartar para mandar um para o paquerinha...
Meus vestidos de caipira era sempre o mais bonito, todo ano era um diferente... com mãe costureira dava nisso... mas nunca, nunca carreguei na maquiagem, fazendo aquelas rodelas vermelhas com pintas pretas no rosto.... aí, eu já achava exagero - na verdade, acho que nunca fui de me maquiar mesmo....
Fazia sucesso... o ano que fui a noiva (glória total), me estressei mais do que quando fui noiva mesmo, de verdade, pra casar... Esse negócio do casório na quadrilha foi engraçado... o pai da noiva com o trabuco na mão era meu irmão... e uma certa hora da encenação, quando meu noivo estava indeciso, ele dizia algo assim:
- Ara, que ocê vai casar coamia fia, sim sinhôr.
E num é que o engraçadinho do meu noivo quis florear a conversa (um script ensaiadérrimo) e soltou um:
- Mais ocê é irmão da noiva, hômi... O pai dela talí , ó, sentadinho, quétinho...
Todos caíram na gargalhada.
***
Foi nesse ano que fui a Noiva que me prenderam a festa toda e ninguém foi me soltar... É, prisão. Tinha que pagar pra sair. E eu, vestida de noiva, sem um tostão, gritava o nome do meu irmão de dentro da cela, e no meio daquela barulhada toda, ninguém ouvia nada.... fiquei bem uns vinte minutos ali, perdendo a festança.
Quando meu irmão pagou pra me soltarem, embirrei por mais um tempão. Lembro até hoje ele dizendo: só soube que vc foi presa agora! ......
Hoje me parece que não tem mais essas brincadeiras... Na minha época, tinha sala-surpresa também, que eu sempre ganhava geletina. Nunca vi... acho que era algum aviso premunitório para eu cuidar da flacidez mais tardar....rs.
Isso tudo dentro da escola... A sala-surpresa era sempre em uma classe, pagava uma merrequinha, escolhia uma carteira e via o que tinha debaixo dela... e tcharã: gelatina. Enquanto eu saía com a caixinha na mão, ainda conseguia flagrar uma outra caipirinha, feliz e saltitante, com algum brinquedo na mão.
Acabou isso tudo, infelizmente.
A Rafaela vai dançar country novamente- o ano passado foi também. E a Raquel vai dançar uma quadrilha inversa, já que na sala dela só tem 3 meninos e 25 meninas (!). Os pares formados serão de meninas com meninas.... :)
No colégio delas tem uma sala com videokê (aiai, o que isso tem a ver, meu Deus?), uma sala de pescaria com brinquedinhos do 1.99, uma outra com tiro ao alvo (um acerta-latas) com o mesmo tipo de prêmio e foi o que eu pude ver no ano passado.
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Também nunca vi uma festa-junina de colégio organizada, valei-me Senhor. Esse ano, a Rafaela nem queria dançar, eu que intervím, para que ela possa aproveitar enquanto é tempo.
Uma coisa que eu acho muito legal é quadrilha de adultos - mas também não vejo mais por aqui.... As comidas típicas continuam as mesmas, pelo menos isso.... muita poçoca, pé-de-moleque, pipoca, cuscuz, maçã do amor, bolos, doce de abóbora, quentão, cocada....
É o tempo querendo apagar as tradições em meio às tecnologias, mas sou bem de outra época ainda... queria muito poder criar minhas filhas há uns 20 anos atrás, onde a maior preocupação com festa junina era fazer as tranças bem bonitas e alinhadas....
Quer saber? Eu era feliz e nem sabia....
De pé no chão
Eu cortava papel fino
Pra fazer balão
E o balão ia subindo
Lá no azul da imensidão