24 maio, 2004

Título múltipla escolha:

a) "O meu dia de Cão"
b) "O dia Inferno Astral de Polly"
c) "O dia em que a Polly tinha que ficar na cama"
d) "Lá vem post gigantesco, de novo"

Começa por ontem.

A Lana pediu pra eu esperar ela secar o cabelo da Lu (estávamos no Messenger, caros leitores). Então pensei: O cabelo da Lu é grande, a Lana não vai fazer só isso, vou deitar um pouquinho.

E Polly deita sob seus edredons branquinhos, quentinhos, cheirando a Confort cor-de-rosa. Conseguiu escutar o suspiro? pois é. Suspirei e tudo.... Começo a ver Fantástico dali em diante (... graças à Deus, porque pelo Messenger com a Lana, fiquei sabendo que Sol BBB virou funkeira, mas Deus é tão bom, que eu estava com a TV desligada nessa hora).

Estava vendo uma matéria do tipo esbanja-dinheiro-que nóis-vê-e-baba do Zeca Camargo, no México, e a gente (a gente vírgulas, porque não sou interativa com essas coisas, já que na minha conta não cai nenhum pra eu participar disso) decidia se ele depois do México ia para o Havaí (acho) ou para outro lugar que non lembro, mas tá.

Recebi uma ligação na hora (que não era do Fantástico, caros leitores, a idéia era a gente ligar pra lá), mas nem prestava atenção na conversa, enojada com Zeca Camargo comendo barriga de boi. Eca duzentas vezes. Mas ele ganha bem pra isso mesmo, enfim. Apesar de achar que nada paga eu colocar uma coisa daquela na minha linda boca... Ligação the end, volto a encostar minhas madeixas loiras nas almofadinhas do sofá, e espero a Lana voltar.

Durmo, que nem percebo.

Acordo com um relógio digital na TV. Que isso? Ah, é o 24 horas, minissérie. ãh? mas peraí: e a Lana? que horas são? e o sob nova direção? Perdi? Ah, perdi.... Quase Meia noite, meu relógio branco da sala informava. (Gosto de branco, perceberam?)

Jesuis. A Lanaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa. Já era, já foi. Meu saco, que droga. Aproveita, anta, e posta no PG já, que amanhã (que é hoje, caros leitores) será um dia difícil.

Postado - o texto estava pronto. Verifica mil vezes. Bonito, clap clap, Polly. Coloca link no azulzinho. Colocado. Vê se funciona mil vezes , pára de bocejar e vai dormir. "Seu computador já pode ser desligado com segurança". Obrigada, computador. Boa Noite.

Vou arrastando meu edredon branquinho nas costas até a minha cama. Eu escutei meu nome? Tou indo, tou indo. (era minha cama clamando por mim, caros leitores). Deito. Aconchego. Num deu. Viro pro lado esquerdo, meu lado de dormir preferido, a respiração flui melhor. Chegamos num contento. Zzzzzzz ZZZZZZZZ.

Miau, miau, miau.... MIAU.... MIAU....MMMMMMMIIIIIIAAAAAAUUUUUUUUUUU.... Cheguei a pensar que eu tinha esquecido de dar leite pro gato. Mas peraí: EU NÃO TENHO GATO! Miaaaaaaaaaaaaaaaaaauuuuuuuuuuuuuuuuuu. Pqp, droga, merda. (sim, caros leitores, eu falo palavrão). Cabeça entocada embaixo do travesseiro. MIAUUUUUUUUUUUUUUUU. Suspiro longo e profundo. Levanto. Coloco um casaco. Sigo o maldito miado. Nos fundos. Vou. Um gatinho, tiquinho, em cima do meu telhado, desesperado.

- Gatinho, sabe que horas são?
- Miauuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu.

É, ele não sabia. Coço a cabeça. Que que eu faço, Jesus Nazareno? Sai daí , gatinho! Preciso dormir, gatinho... Vai, xô, xô... Cadê a desnaturada da sua mãe, hein? Gatinho bonitinho, pára. Gatinho.... Meu, pára de miar, porra!

- MIAAAAAAAUUUUUUUUUUUUUUUUU.

Entro, pego uma vassoura, tento tocar a fábrica-de-miados do telhado, e ele sobe mais ainda, fazendo-me perder a visão. Mas a audição, necas, continuava gritando miaus, o condenado. Suspiro longo e profundo, mil vezes. O que que eu faço? (essa eu gritei, caros leitores...)

Entro. Ligo. Pro vizinho.

- Alô. (sonolento)
- Lê, sou eu.

(Lê = Alexandre, Tenente da PM. E meu vizinho faz tudo, guarda-costas, e super-herói de gatinhos em cima do telhado.)

- Te devo mais essa, Lê. Obrigada mesmo. Estava incomodando muito e....

(é, sim, ele tirou o gatinho de cima do telhado, vestido de pijama de pinguinzinhos, caros leitores)

- Dorme.
- Sim senhor.

Lá vou eu pra cama, me aninho entre meus edredons branquinhos. Arrumo a posição novamente. Olho no relógio, 1:40h. Faço as contas. Ainda tenho 4 horas. Zzzzzzzzzzz..... ZZZZZZZZZZZZZ.

...

blábláblablábláblábláblábláblá.........
BLÁBLÁBLÁBLÁBLÁBLÁBLÁBLÁ............
HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA............
Uhuuuuuuuu....... issaíiiiiiiii...... uhúúúúúúuúúú........

Abro um olho. Não, não é sonho. Não, não acredito. Abro a janela. Uns 10 caras, na rua onde moro, trocando confidências badalísticas. Não, ninguém merece. Ninguém. Nem meu pior inimigo, se inimigos tivesse.

Levanto. Parecia que eles estavam sentados na beirada da minha cama, de tão alto. Acendo a luz da frente. Nada. Sem pestanejar: 190. (Sim, caros leitores, eu já estava com os nervos à flor da pele):

- Polícia Militar, bom dia.
- Ai, Meu Deus, já é bom dia.
- São 2:30h, senhora. Em que podemos ajudá-la?
- (expliquei)
- Sim senhora. Mas eles estão só conversando?
- Não, senhor. Eles estão gritando asneiras badalísticas praticamente embaixo da minha janela.
- Asneiras que tipo?
- Escuta, com que eu falo?
- Soldado Peixoto.
(nossa, o cara da novela Chocolate com Pimenta...)
- Pois é, Peixoto, sou vizinha do Tenente Alexandre Fernandes e já incomodei ele agora à pouco por causa de um gatinho. Não sou nenhuma maníaca por silêncio, mas pretendo dormir hoje ainda. E se vc não mandar uma viatura AGORA conto pra Alexandre que você pediu pra incomodar o sono dele de novo.
- Já estou enviando a viatura, senhora. Acalme-se.
- EU ESTOU CALMA!

Fiquei sentada na beira da cama. 10 minutos, escutei a sirene. Silêncio, tempos depois. SILÊNCIO. SILÊNCIO. SILÊN...ZZZZZZZZZzzzzzzzzzzz

(devo mais uma , Lê, e vc nem sabe)

....

Tutututututututututututututututututututututututututu.... (onomatopéia do relógio, caros leitores). Pulei. Da cama. Mas já? *&&%^^&^**(&&%%$%&*&*)(&%#@#!#$#!@$^% mil vezes. Banho. Noto que o box começa a encher. Que isso? Box encher? Como assim? É, o box está enchendo de água mesmo. Não. Não. NÃÃÃOOOOOOOO!!!!!!!!!!!!!!! O ralo está entupido. Conclusão: tomei banho com os pés cobertos de água. Saio xingando. Nem no banho, afe. Solução temporária: bilhete na porta - "Ralo entupido... proibido banho aqui"

Coloco o terninho azul que a Lana sugeriu. As gotas de perfume. Enxugo o cabelo e jogo um prendedor na bolsa, vai solto mesmo. Colarzinho de estrelas e sapatos que eu não vá lembrar deles durante o dia. Pego a chave, saio e ainda escuto o apito da cafeteira. Não dá tempo, esquece o café.

Tá Sol.
Inferno.

Chego na reunião mais demorada e lenga-lenga de toda minha vida. Assisto tudo calada, o Miau do gato ainda tormenta meu cérebro. Digo Amém pro povo, sem condições para bagatelas, acordos melhores. Se eu abrir a boca, digo Miau. Amém amém, acabem logo com isso. Trabalho o resto do dia com miados na cabeça. Eu juro que cheguei a ver o gatinho em cima da minha mesa....

16h. O telefone toca. Me informam que é a minha mãe.

"Disse que eu estou?
"Ih, era pra dizer que não estava?"

Anoto a mancada do funcionário. Estou terrível. (não fiz nada com o moço não, caros leitores, acalmem-se). Atendo, com medo.

- Mamãe, estou...
- Filha, teu pai vai ter que operar.
- ....
- Filha?
- Operar?
- É, o olho.
- Desembucha duma vez.
- Mal educada.
- Fala logo, meu dia está péssimo.
- Mas é teu pai.
(fecho os olhos, 1,2,3,4....... conto até 10. Volto)
- Fala, mamãe, que aconteceu?
- Ele está com catarata. Vai ter que operar.
- Quando?
- Vai fazer mais alguns exames só, e já vai operar.
- Tem previsão de quando?
(começo nova contagem interior: 1,2,3,4... meu pai, aquele santo, ô Deus...)
- Acho que dia 29, 30 provavelmente.
- Perto....
- Mas estou ligando pra outra coisa....
(penso: lógico que está... nunca se preocupou com meu pai, não seria agora...)
- Pede....
- Mas você está bocuda mesmo....
- Mamãe.... por favor....
- Sua avó tem médico hoje, e seu pai dilatou os olhos, e não quero que ele dirija...
(nota: não pensem que é preocupação, caros leitores, é por causa da própria vida mesmo, DELA, acidente, essas coisas... creiam)
- Que horas?
- 17h.
- Tá, eu passo lá.

Saio correndo do trabalho, chego no horário na casa da minha avó, vêm minha mãe e a enfermeira amparando minha avó. Minha mãe falando, e eu no Caribe (se é que entendem, caros leitores). Porta do médico, no horário: 17h.

- Espero aqui.

Deito o banco um pouco, aumento o rádio: "ainda vou te levar pra outro lugarrrrrrrr, além do céu, do mar........" - Detonautas me convidava. Abri um pouco o vidro e fiquei observando o povo nos carros. Vi que a maioria que pára no sinal, tira meleca do nariz. Deprimente. Desvio a atenção. Vejo que estou de frente a um trailer de lanche e o moço-fazedor-de-lanches é bem bonito, mas não estou com cabeça para affairs. Olho de novo os carros. Todos os tipos, marcas, modelos, anos, ônibus, caminhões, caminhonetes.... quanta gente nesse mundo, céus.

"Nem me lembro mais, quando te conheci, tanto tempo faz, que já mudamos nossa forma de agir...."- Detonautas, ainda, no dial. Viajo na música. Volto a atenção pra rua. Um carro havia dado piti e o congestionamento se deu. Fiquei olhando as feições dos motoristas, indignados com o carro quebrado, já com o pisca alerta ligado, como se ele optasse por estar nessa situação... Demorou, mas apareceu gente pra empurrar o carro e tirá-lo da avenida tumultuada. Eu estava segura, do outro lado da avenida, e descobri novos palavrões para minha coleção, de tanto que os ouvi diretamente direcionados ao motorista do carro quebrado....

A hora: 17:55h. Desço do carro pra ver o que está acontecendo. Descubro que minha avó está desde as 17h dentro do consultório. Volto pro carro, já preocupada. Não quero mais rádio, nem carro, nem ninguém. Quero minha casa, minha cama, o beijo das meninas. Socorro. 18:15h, elas saem. Nem solto meu latim. Voltamos caladas. Se não foi dito nada, então é sinal que está tudo na mesma com a vovó.

Falo meia dúzia de coisas com a mamãe, sobre o papai. Fico de ligar pra ele depois. Não hoje. Depois. Catarata é simples, mas meu pai? Ô Deus. Bom, não sou chegada à lamentações. Dou uma carona pra enfermeira, deixo-a no ponto de ônibus. Guardo o carro no estacionamento e me arrasto até em casa. É no mesmo quarteirão, mas hoje estava léguas distante....

Entro. Grito o nome das meninas... para elas ainda tenho voz. Vêm a Rafa, furiosa: "Mamãe, a senhora esqueceu do meu ensaio hoje?" Bato na testa. Esqueci completamente. Ela tinha ensaio do Coral hoje. E nem adianta explicar meu dia.

- Bora, magrela. Dá tempo ainda.

...

São 23:17h e meu dia ainda não terminou. O gato ainda mia no meu inconsciente.. meu corpo pega fogo de cansaço, mas preciso terminar duas planilhas que eram pra hoje, mas eu precisei levar minha avó ao médico. Parei pra escrever, pra desabafar, pra pedir afago, socorro, denominem como quiserem.... só sei que precisava escrever e escrevi um tanto de novo. Novidade. E ai de quem reclamar do tamanho. Leu porque quis. (é, ainda estou mal, caros leitores)

Alguém, por favor, me sequestra, sim?