02 agosto, 2003
tudo o que eu quero agora é paciência comigo, ok? há dias eu tô chata pra cacete, nem eu me aguento, quem dirá vocês. estou com a sensação horrível de ter sido condenada à perpétua a mulher que eu mais admirava em mim e com essa aqui eu não estou sabendo lidar, com tanta humilhação, dor, lágrima e faz de conta. tô cansada de tanta conversa jogada no ralo, onde no esgoto ainda minam a mescla de muita esperança e muito amor, a mutação da desespero e das mentiras, a junção do medo e do recomeçar. tudo aquilo que um dia eu quis e observei pra mim, foi pra junto daquele mesmo ralo. me sinto agora deitada no chão, com algum objeto na mão, escavando nesse ralo, tentando juntar pedaços de não sei mais o quê, pra ver se tudo volta ao normal. mas eu sei que não volta. meu maior erro foi achar que tudo ficaria bem. não, não ficaria. não se espanta fantasma, fantasmas não morrem, fantasmas já estão mortos. então achei que pela mulher que eu sempre fui, eu aguentaria isso dançando. não, eu só dancei literalmente. e foi aos passos de um pop que desci ao fundo. só não sei te dizer ao fundo de quê. ainda me sinto lá, abaixada, cabeça rente ao chão, caçando estilhaços naquele ralo. pedi ajuda, mas não obtive. eu absolutamente não estou cabendo dentro de mim. são sentimentos com os quais eu nunca lidei na vida, por favor, me ensina.eu não sei onde colocar tanta dor, tanta carência. aceita escambo? troco toda essa dor pela liberdade do novo. mas quem é que quer dor? não, pollyanna, ninguém quer. e vc, só vc, a sente com tanto masoquismo. manda praquele lugar. manda se fuder. começa do zero. mais e esse sentimento absurdo, coloco onde? na estante? de enfeite? sempre lutei. sempre. não pode me negar que sempre lutei. o que ele quer? a porra da liberdade que ele teve um dia e estragou tudo? e o que eu quero mesmo? sei o que quero momentaneamente: quero apertar um botão e desligar. tenho que párar de pensar que estou dentro de um filme. não, eu não sei protagonizar nem a vida mais. perdi todo o eixo, todo o enredo, toda a história. estou completamente estranha com essa mulher aqui, dentro de mim. ela é uma lerda, uma lesada, só sabe chorar, não se dá mais o valor. mas ela ama. pôxa, uma amor bonito à beça, sabe? mas não é valorizada, não é mesmo. ela sabe que se mandar tudo às favas, as coisas geralmente retornam pro seu lugar, mas nem força pra isso ela tem mais. lide, lidei, mas ela foi maior. essa imbecil.essa fracote. por amar, está assim. justo ela, que sempre ergueu a bandeira do se-ame-primeiro-para-depois-amar-alguém. o quê! ela ensina isso até pras pequenas. questiona o amor ferozmente, com as garras expostas e agora taí, falando com ela mesma nessa tela fria. tem amigos, amigas, pra quem ligar...ainda bem, né? mas acredita que isolando-se vai melhorar. e que ninguém precisa ficar aguentando tanta melancolia. chorar lava a alma. besteira. lava a fronha, ela sabe bem. naquela droga daquela cama imensa. mas deixa. tudo passa. tudo passa. tudo passa. faz disso um mantra. repete quatrocentos e cinquenta e dez vezes. e se ele ligar denovo, diz pra ir catar coquinhos. é, não vai ter coragem. o ama. tá, já me convenceu. então chora mais um pouco. chora. é triste o que estou sentindo, mas estou com saudades de mim. saudades do que eu sempre fui e hoje não sei mais. por causa dessa loucura aqui, que toma conta de todos, absolutamente todos meus neurônios. hoje, no meio dessas malditas (pq isso q elas são, malditas!) lágrimas, é quase palpável o meu sentimento. não sei mais o que dizer. perdeu-se tudo no caminho. no vai-e-vem daquela rede. perdi até o brilho no olhar. empurrei aquela pizza. pensei, pensei, pensei. e ainda tá tudo aqui, feito um círculo-vicioso na minha cabeça que não pensa em mais nada além disso. preciso repaginar as minhas atitudes, o q pensar e a capacidade que tenho.a reforma tem que ser interna.usar de estratégia. párar com as mesmas questões. párar de escolher brigas pra brigar.aprender a discordar somente. esquecer o assunto.párar de me culpar. já tentei de todas as formas, mas não vejo nenhuma luz. parece realmente que estou a falar em outra língua. aprender que as pessoas são IMUTÁVEIS. o amor é uma droga. aprende isso, de uma vez, sua lerda. tá vendo? tudo o que vc menos queria: piedade. sou mesmo um caso perdido.