12 janeiro, 2007

The OC:
Kirsten é milionária. Mora em uma mansão. É empresária. Mas é ela que cozinha. E a casa tá sempre imaculadamente limpa. Nunca apareceu uma empregada, um caseiro, um limpador de piscina. Necas. Sei

E.R.
Lá as enfermeiras vão embora de carro e os cirurgiões, de metrô. ¬¬

...em tempo: eu ando vendo muita tv, eu sei.

Na vida real, que parece filme:
A pessoa vai pagar contas no shopping e já está indo embora quando lê em um informativo que montaram uma pista de patinação no gelo no primeiro andar. Curiosa, vai lá, quem sabe ri um pouco. Encostada no alambrado, começa a ver as pesosas se estabacando no chão. Pensa: realmente iria rir um pouco. De repente, reconhece uma voz bem perto dela. Se nega a acreditar quem pensa ser, não ali, na outra cidade, numa quinta-feira à tarde. Olha e é. Com a namorada, "Chocolate" parecia estar muito feliz. Não a viu, mas ela viu o suficiente para recordar o quanto é uma pataca. Antes tivesse ido embora depois de ter devorado aquele maldito McNífico.

Do marasmo, em comparação:
Tenho em casa um casal de calopsitas. Se você não sabe o que são calopsitas, procure no google. Estou com preguiça pra pôr mais links nisso. Enfim. Eles cantam todo dia às 6:20h da manhã. E cantam BEM alto. O processo se repete às 19:30h, ou seja, agora à pouco, o que me colocou a escrever esse parágrafo. Da cantoria da manhã até a cantoria noturna, eles não fazem mais nada além de comer e mudar de puleiros na ampla gaiola que habitam. Com exceção da cantoria, minha vida anda bem parecida: só como e mudo de 'puleiros' na amplíssima casa que habito sem as meninas. Patético, meu Deus. Patético.

Da vida dos outros:
Em frente de casa, mora uma família bem grande, nem sei te dizer direito quantos são, tamanho é o entra e sai de lá. Acontece que o pai (muito provavelmente seja o pai, não posso afirmar isso) vive numa cadeira de rodas e de vez em quando o colocam na rua, pra 'ver o movimento'. Levando em cosideração que moro no interior e o movimento aqui não é lá essas coisas (tks, gódi), o velhinho finalmente teve uma idéia meio que eureca. Seguindo a suposição de que ele teve uma melhora súbita do que sofria (antes ficava quietinho, olhando as folhas caírem das árvores e os carros passando aqui e ali), arrumaram pra ele uma faquinha de passar manteiga no pão, saqualé? Uma pequenina faca, que ele, gênio, amarrou na ponta de um cabo de vassouras. Agora ele não vê mais folhinhas caindo no chão ao sabor do vento, nem carros passando: ele fica raspando os vãos dos ladrilhos da calçada, sentadão na cadeira de rodas. Sim, caros leitores. Isso mesmo que você leu: não sei o que ele vê de errado nas junções dos ladrilhos, mas é o que ele faz. Começa bem de manhãzinha (assim que meus calpsitas cantam, incrível) e o réc réc réc réc réc perdura o dia tooooooooodinho.

OK, quando vi o homem fazendo a árdua tarefa e prestando atenção aos detalhes de sua engenhoca, achei bonitinho até, ele estar ocupando a mente e gastando as energias. O barulho da faquinha passando no chão é irritante, mas o pobre velhinho, tadinho, estava atarefado e distraído ao invés de agonizar a doença qualquer que tenha numa cama. Até sorri quando o vi 'trabalhando' a primeira vez. Hoje, um cacetilhão de dias depois, onde sou acordada com a cantoria dos meus tão lindos e irracionais calospitas que são meigamente jogados nos fundos de casa, meticulosamente bem longe do meu quarto, a ponto de eu não escutar nem um pio, tem também E ainda o maldito réc réc réc réc que não me deixa dormir mais, daquele véio, meu vizinho, que não tem nada mais o que fazer na vida, do que ficar passando aquela porra daquela faquinha nas porras dos vãos da calçada durante SEMANAS, em frente à janela do meu intocado quarto. Juro que já quase mandei enfiar a faquinha (que já está pra lá de afiada numa hora dessas) no meio da bunda e ir jogar bingo, que é lugar de véio caquético. Mas minha boa educação acaba imperando, algumas batidas de cabeça na parede depois, e venho pra sala, ver TV, que é o jeito. E em volume alto, que é pra não escutar nenhum réc réc desgraçado. Putes que parolas, viu.

...

*resolvi ver qual foi o último desse tipo de post que eu tinha feito. Foi em 2005. O tempo passa MESMO.