22 dezembro, 2006

Estou de recesso até dia 02/01/07. E sem tchongas para fazer. Tá, estou em casa e é difícil ficar sem fazer nada aqui. Mas eu estou querendo dizer que não tenho nada de interessante pra fazer, e uma pilha de roupas pra passar não tem nenhum atrativo, se quer saber.

Passei os últimos três dias bem corridos, odiando esse sol, porque tinha muita coisa pra fazer na rua. Meu carro não tem ar, então vejo o lado bom da coisa e encaro como sauna mesmo. Fui tantas vezes ao Fórum, que na última vez (quarta) , até tomei um chá gelado com a moça lá. Já até me tratava de 'amiga' e o escambau... enquanto o papel subiu para um fodidão lá assinar, me convidou pra ir à lanchonete. Que fofa.

Pelos dois últimos posts, vi que vocês não gostam muito quando falo de política - ou isso aqui tá mesmo meio às moscas, sei lá. Então, continuarei falando banalidades, mesmo porque minha vida tá pra lá de banal.

Passei a manhã toda lendo diários antigos. Do ano 2000 pra trás. Alguns estão com as folhas soltas, e, meu Deus, quanta bobagem. Mas muita coisa interessante também.Um script da nossa própria vida. Engraçado isso. Sempre encerrei os dias com o sentimento do momento:

"Curiosa, C."
"Feliz, C."
"Puta, C."
"Decepcionada, C."

Num outro ano, que escrevi numa agenda de capa de cortiça muito bacana, está assim:

"Uma palavra para 1998: arrependimento"

[Não pergunte porquê.]

Nessa mesma agenda, tem muita coisa de trabalho. Número de Documentos anotados, umas siglas, tem até números de IP's. Mistério. Em cada folha da agenda, há uma frase, um desenho, uma citação, um poema. De janeiro até dezembro, não há uma única folha sem nada. Vira e mexe, no decorrer do ano, aparece algum texto legal, do pessoal da Tribo (marca da agenda), contando como foi a elaboração pra aquele ano.

Só hoje, revendo tudo isso, prestei atenção nessa história:

Quintana e o último relógio

"Consultado sobre nosso desejo de publicar poemas seus na Agenda da Tribo, Quintana concordou colocando apenas uma condição: parte dos direitos autorais deveriam ser convertidos em um relógio. Mas não era um relógio comum. Ele queria um modelo de bolso, com números bem grandes. Achando o pedido incomum fui ao encontro dele com a finalidade de viabilizarseu desejo. Já no quarto do apart hotel em que viveu seus últimos anos, fui recebido pela sua sobrinha. Elena, pessoa que lhe prestava cuidados cotidianos. Eu havia fantasiado um pouco aquele encontro, afinal, pra mim - um aspirante à poeta - ele era uma grande referência. Mas em função de seu estado de saúde, sua sobrinha intermediou a nossa comunicação, enquanto ele repousava. Eu podia ouvir a voz dela, um pouco alta, contrastando com os sussuros de Quintana. (...) Me lembrei de outro versinho em que ele encanava com o motivo de sempre se ouvir do relógio o tic tac, e não o tac-tic (...) Quando Elena voltou, me transmitiu o recado e pude finalmente entender a razão -óbvia, aliás- do excêntrico pedido: Quintana quase não enxergava mais, só distinguia números bem grandes (...)". Diário da Tribo

Lendo isso, lembrei de você, , e por isso estou contando.

Na página ao lado dessa história, anotei muito ligeiramente (porque reconheço meu estado pela caligrafia): "Início de março: problemas. Exigir Nota Contratual". E logo abaixo, com a letra mais casual, três números de telefone sem nomes, e: "Produtos, Gerente, Promotores, hoje". Era dia 14 de março de 1999. Vai saber.

Interessante isso também:

"Dia 9 de junho/1999:

4 luz/água/dia
470 por funcionário
267 aluguel
20 telefone
lucro cerca de 1800 base mínimo.
3.060,00 - total."

Hahahahaha. Boiei tanto quanto vocês.

E a parte telefônica? Os números de prefixo já mudaram duas vezes depois disso. E, por Deus, quem é Giuliano? Ou quem foi Giuliano? E a moda da época era pager, porque o que tem de Bip anotado! Eu tinha um também. Tá desativado dentro da gaveta. Bem pequeno, um charme. Era mais fácil, porque se falava com quem se queria, e devido a mensagem já passada pelo pager, nem precisava necessariamente se falar, na verdade.

E ainda dizem que quem vive de passado é museu. Ah, vai, às vezes passado é divertido e memorável. E do jeito que as coisas andam atualmente, meu passado tá sendo mais divertido.