10 outubro, 2006

"Vamos conversar. Você me quebrou ao meio hoje. Desculpa a total falta de reação. Estou tão confuso quanto você, acredite."

Ela leu a mensagem umas seis vezes. Mas ainda não sabia o que fazer. Aquilo estava indo longe demais. Conversar mais o quê? Já sabia que ele tinha filhos de um casamento falido, já sabia que ele namorava há bastante tempo, já sabia que ele mexia com ela d'uma forma escandalosa. Que mais precisaria ser dito? Pôxa, as férias de verão estão aí, pertinho. A esperança de tudo isso acabar de vez são essas malditas férias. Já tinha sido racional e pensando friamente em tudo. Fricote, passaria quando deixasse de vê-lo. Pronto. Quem pede conversa num relacionamento é a mulher, não o homem. Que tanto ele queria deixar claro? Bastava deixá-la quieta no canto dela. Por que deixara ir tão longe? Nem aconteceu nada, está assim. Por que conversar de novo?

Quando deu em si, já estava no carro indo embora. Não queria conversa. E alguma força a ajudou a não encontrar com ele. Escapara. Até quando, não sabia. Mas já havia chorado aquele dia, na frente dele, e não ia fazer de novo. Estava frágil demais. Melhor assim. Melhor assim - pensava num círculo vicioso, enquanto rolava na cama, esperando o sono chegar.

Onde será que ele estava que não o encontrou?
O que será que ele queria, meu Deus?
Será que ele ficou esperando até muito tempo?
Porque complicava tanto, hã?
Onde está o remédio de dormir?
Melhor assim, melhor assim....