07 outubro, 2006

As primeiras aulas tinham passado difíceis, naquele dia. Ela não acreditava que tinha chorado diante dele. Já não bastava o mico da carta? Escrevera uma carta, contanto tudo que sentia e tudo que não entendia. Em letras caprichadas, à moda antiga, relatara o quão confusa estava e que não pretendia levar aquilo adiante.... estava rápido demais, tinha medo, por causa de todo um passado tatuado na alma. Explicara tudo. Dizia que, embora uma grata surpresa -o coração dela ainda fucionava, depois de tanto maltratado!!!- não queria destruir relacionamento de ninguém. No final, em post-scriptum, acrescentara que, claro, o caminho estava aberto, isso ela não poderia negar. Mas ela não caminharia por ele. Já ele.....

Depois da entrega da carta, (além de uma exagerada dose de coragem para tal, há necessidade também de uma tremenda cara-de-pau), arrastaram dias e dias em silêncio. Ela já tinha passado da ansiedade desesperadora ao conformismo total. Até que, um dia, ele passa por ela, e sem rodeios, beija-a no rosto e sussura: "Belas palavras...."

Ficara tudo subentendido. Não sabia distinguir direito o que ele entendeu, por achar assim, belo. Mas também não ia perguntar. Já tinha sido por demais impulsiva. Adotara o silêncio, até aquele fatídico dia, onde morreu na frente dele, entregou todos os pontos, foi fraca, chorou e saiu correndo.

Agora, não sabia como ia sair da sala de aula pra ir embora. Queria ter umas vinte aulas, até umas duas da madrugada, mas não queria sair dali. Sentia-se uma adolescente desvairada, esquematizando um plano de fuga. E se mais pessoas tivessem a visto chorar? Vergonha. Tá certo. Daqui alguns minutos, no máximo cinco, teria que ir. Só faltava ela, naquela sala. Respondera um "estou indo" para uma meia dúzia de gente, que estranhou vê-la sentada ainda, sem reação.

Quando, finalmente, levantou e decidiu que não olharia pra absolutamente ninguém, sentiu seu celular vibrar. Era mensagem. Dele.