03 março, 2004

- Alô.
- Porra, até que enfim te achei!
- Oi, Babu, tudo bem com vc?
- Tudo certo, e vc?
- Jóinha... que acontece contigo? não pára mais em casa não?
- Vc que deve ligar tarde, tenho ido dormir cedo...
- Ah, mas vc sabe dos meus horários...
- E v dos meus... precisa coincidir, feito hoje... mas e ae? me conta, as novas...

(Babu. Um amigo que o destino me coloca loooonge à beça. Porém, nos falamos sempre. Sabe aqueles amigos pra vida toda? Então...)

- O que ce ta fazendo agora?
- Tô vendo BBB.
- O negão vai sair.
- Será? sei não.
- Vai vendo aí e me conta...
- Tá, mas me fala! Tá com a Josi ainda? Casaram?
- Sem te convidar? Tá louca? Estamos juntos sim... trocentos anos fazem, nem lembro mais. Ontem ela perguntou de vc e eu expliquei que eu não estava conseguindo marcar horário na sua agenda...
- Pára, Babu... não é assim.
- Sabe quantas vezes te liguei e vc não estava?
- Se falar te deixa feliz, vai, se tortura.
- Umas seis. No mínimo.
- Tá , vou me redimir.
- Hum, tá ficando bom esse papo.
- Mas desde quando redenção tem a ver com isso aí?
- Disso aí o que, maluca?
- Tá, me precipitei.
- De novo.

(a essa altura, eu me lembrei o quanto é bom falar com ele...)

- E as meninas?
- Tudo bem, benza Deus.
- Estão moças já, né?
- Maomeno, Babu. A Rafa tá enorme.
- E lindas.
- É, isso vc tem razão.
- Tenho que vê-las. Pensou se encontro a Rafa por aí daqui há um tempo e canto a menina?
- Te capo.
- Credo!
- Porra, babu. A Rafa tem só 10 anos.
- Mas daqui há 5, tem 15.
- BABU!
- Parei. (gargalhadas)

(...)

- Ai, Babu, ando tão estressada. Quanlquer coisa pra mim é pingo, já transborda, já viro no saruê.
- Sério?
- Ãhã.
- Tem que desestressar.
- Não me venha falar de sexo.
- Ai, lá vem vc. Não penso só nisso.
- Umhum, sei. Me disseram pra eu fazer aquela... ih, esqueci o nome.
- Fazer o quê?
- É um tipo de aeróbica, mas tem gestos de luta de boxe.
- Ah, tá... mas tb não me recordo o nome não.
- É, uma boa, sabia?
- Por que não faz?
- Porque fedo preguiça pra essas coisas...
- Mas pensa no lado bom... vai ficar mais gostosa ainda... hehe.
- A academia é aqui no quarteirão, meu... e sei que não vou.
- Tá, vamos pensar numa outra coisa....

(silêncio....)

- Acha alguma coisa e matricula nós dois... faço contigo.
- êba. Pode mesmo?
- Claro, Polly.
- Hum, deixa eu pensar...
- MAs não vale me colocar pra dançar axé!
- AAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHH, minha vida pra te ver dançando axé!
- Polly!
- Tá bão, tá bão.
- Nem tricô, nem corte costura.
- Aí, tu tem umas idéias brilhantes, Babu...
- Brilhantes? Polly, to te falando o que NÃO fazer, hein?
- (gargalhadas)
- Origami eu topo.
- Origami, Babu?
- É, meu, um barato aquilo.
- Me poupa... basta as dobraduras que tenho que fazer na minha vida....
- Vamos fazer salto?
- Salto do quê?
- De pára quedas! Vai, diz que sim...
- Tá doidão?
- Pensou na adrenalina?
- Quero mais um filho ainda, Babu.
- Como vc é dramática.
- Vc que é 8 ou 80. Do origami pra pára quedas....

(...)

- Ah, sabe o que fiz nesse fim de semana que me desestressou, mas acho que vc não vai gostar muito?
- Q?
- Tiro.
- Ah, Babu, não gosto.
- Fui em um stand de tiro, em São José, bacana lá, tu só paga as balas que usar...
- E eu lá me ligo nisso?
- É, mas pra mim foi bem legal. Até a hora que eu imaginei que o alvo era meu chefe...
- E aí?
- Aí que parei, né? Porque só os tiros não estavam resolvendo. A vontade foi de deixar a arma e o fone lá, sair da cabine, ir até o alvo, jogar no chão, pular em cima, dar pontapés, cuspir em cima, chutar bastante....
- (gargalhadas)
- Fiquei imaginando e foi me aliviando o stress...
- Ai, Babu, só vc.
- Aí caso eu não ficasse calmo com isso, eu amarrava o alvo atrás do carro e vinha arrastando até em casa, igual Judas...
- (cof cof cof)
- É sério, Polly.
- Eu sei que é.
- Acredita que ele ainda não me deu férias?
- Mas não vai poder vencer duas, Babu.
- Então, mas quando a minha hora chegar, vou pra lá do interior do Amazonas, ficar uns 10 dias... (gargalhadas)
- (gargalhadas)
- E ainda mando pra ele uma foto minha com aquele chapéu ridículo do Indiana Jones, com um macaquinho no ombro, escrito assim: Liro liro liro!
- (muitas gargalhadas)
- E com um PS: o macaco AINDA não é meu. Mas será.
- Babu, tu é f*d*.

(...)

- Polly, pq que a gente nunca namorou?
- Pq a gente sempre foi amigo.
- Mas pq a gente sempre se respeitou?
- Pq a gente é amigo, oras.
- Lembra uma vez que eu fui na tua casa e vc deitou no meu colo?
- Mas foram tantas vezes assim...
- Essa que eu to falando foi a vez que a gente viu um filme pornô.
- Ah tá, viu como a gente se respeita?
- Meu, depois daquilo eu duvidei da minha natureza.
- Eu, pra vc, sou homem.
- Que nada, Polly.
- Ué...
- É uma bela mulher, com todas as milimétricas curvas...
- Babu, vc tá carente?
- Não, to morrendo de saudades de vc.
- Eu nunca pensei que vc me via assim...
- Ah, Polly, aí não, né? Como não te perceber...
- Tô ficando vremeia.
- Boba.
- Sério, nunca pensei nisso.
- Nunca me olhou diferente também?
- Ah, Babu, vc é... bonito à beça, tem um sorriso lindo, mas sempre te tive como um irmão.
- Eu sei. A gente sempre se respeitou mesmo...
- É.
- Mas não vou mentir que já tive curiosidade...
- Do quê?
- Ah, fiquei sabendo coisas de vc...
- (cara de assutada)
- Polly?
- Eu.
- Que foi?
- Que coisas?
- Ah, o Wan* me disse que vc foi a melhor mulher na vida dele.
- É? (sorriso)... quando ele falou isso?
- Uns dias atrás...
- Sério?
- A gente tava falando que vc sumiu e caiu num papo brabo de saudades... foi quando ele falou isso.
- Não vejo o Wan há décadas...
- Eu vejo quase todo dia...
- Bom, o meu ego agradece....

(*Wan - um ex namorado... namorado, namorado mesmo. Terminamos por obra do destino...)

- Quem mais falou coisas de mim? Tô gostando .... (risos)
- Ah, teve o Alê também...
- O Alê foi um vento que passou na minha vida...
- E vc foi um furacão que passou na dele.
- Ai, Babu, vou ficar toda metida.
- To te falando.
- Vc tá mentindo. Me seduzindo.
- Ei!
- É, foi mal, vc nunca mentiria pra mim... Sou uma asna.
- Ainda bem que vc sabe disso. Por isso que te amo, sabia? Vc mesma dá o fora, vc mesma dá a bronca, vc mesma se desculpa. Me poupa de tudo... Obrigado.
- De nada... Mas ae, me conta... q q o Alê disse?
- (risos)
- Fala.
- Que nunca viu nada parecido.
- Com o quê?
- Ah, Polly, tu sabe do que estou falando.
- Mas Babu, isso pode ter má conotação também.
- Ah, mas de mal ali num tinha nada não...
- Peraí.
- Que foi.
- É q agora que tô me sentindo....
- (gargalhadas)

(...)

- Babu, o negão saiu mesmo.
- Te disse!


(...)

- Babu, larga tudo e vem pra cá pra eu deitar no teu colo?
- Depois eu que tô carente... (risos)
- Vêm...
- O que vc tá vestindo?
- ...
- Brincadeira, Polly. Te amo um tantão, viu, palhaça?
- Eu tb te amo, seu boboca.
- Vou aí na sexta, tá?
- Vou esperar.
- Deixa eu voltar pro tronco. Ah, e compra Coca-cola.
- Eu sei.
- É, vc sempre sabe.
- Umhum...
- Se cuida, maluquinha.
- Até sexta.

(Ta aí, Babu. Falei que eu ia colocar? Te espero sexta. Com Coca 3 litros...)