24 dezembro, 2007
Ontem eu estava vendo o Fantástico, e o tradicional amigo secreto entre os famosos foi substituído por famosos atendendo cartinhas das crianças pro Papai Noel. Que bom, pensei. Não peguei o início, imaginei que fossem cartinhas que a gente pode escolher no Correio, sabe aquelas? Então.

Daí que vi uns 3 ou 4 famosos atendendo as cartinhas. Pra quem não viu, funcionava assim: o famoso fazia uma gravação pra criança, dizendo que estava fazendo as vezes de Papai Noel (era até engraçadinho essa parte, as histórias que eles contavam: "Papai Noel machucou o dedão, e o pé não entra mais na bota... então, ele pediu pra mim...". Cada um inventava do seu jeito.).

Tudo muito lindo, já diria Caetano, até eu ver o presente do Rogério Seni (Ceni? sei lá...aquele goleiro). Um carrinho de boneca que, juro, deve custar uns dez contos. E uma bonequinha que não deve passar disso também. A menina, claro, ficou blaster feliz. Eu, uma pedra.

Logo depois apareceu Mariana Ximenez, dizendo que foi ao shopping e o Papai Noel tinha pedido um favor pra ela: atender aquela cartinha especial, onde a menina pedia uma boneca e uma cesta básica. Daí aparece A CESTA que a Mariana mandou, que tinha até sucrilhos; e a boneca: uma Miracle, que nos tempos da vaca gorda dei uma pra Rafa também. Ela parece bebê de verdade mesmo, é feita de uma textura muito equivalente à da nossa pele, tem peso de bebê de verdade, solta uns grunhidos, faz 'xixi' de ter que trocar fraldinha de verdade, mama de verdade (um mecanismo que a faz sugar a água e depois ela sai no xixi), pisca, sorri, uma graça. Custa uns 300 reais. E achei maravilhoso.

Comparavelmente ao goleiro narigudo, me enfezei e mudei de canal. Nem vi os outros. Melhor fechar com o gesto carinhoso da Ximenez do que ver outro global dando presentinho de 1,99. Enfim. Acredito que se é pra fazer um negócio, faça bem feito, oras bolas. Ainda mais tendo a conta bancária que tem.

Nem me interessa se ele ajuda mais lugares, nem se ele já distribuiu zilhões de presentes por aí. Não interessa também se a menina ficou feliz com a bonequinha ralézinha que ganhou. Acho que ela merecia o equivalente ao que ele poderia dar - e não fez.

Isso me lembra uma vez que eu vi na própria Globo, no Globo Repórter, há algum tempo já, o especial Fome, matéria que alertava sobre a fome no Brasil, e as áreas mais caóticas. E então um repórter vai entrevistar uma senhorinha, num barraquinho de chão batido, não lembro mais qual parte do Brasil, e ela estava a 4 dias sem comer. A mulher mal tinha forças pra falar, e o repórter lá, muito provavelmente cheirando a Giorgio Armani, perguntava qual foi a última coisa que ela havia comido.

Terminada a matéria com ela, enquanto aparecia cenas do lugar precário onde ela morava e uma panela preta, muito velha, em cima do fogão de lenha, surge só a voz do repórter dizendo que aquela senhorinha havia falecido 2 dias após a entrevista.

Fiquei com isso na cabeça durante dias e dias. E na verdade, isso ainda permanece em mim. Onde está o altruísmo? Como anda o altruísmo das pessoas? E, que porra, o repórter faz a matéria com uma senhora que não come a 4 dias, vai embora pra casa e consegue dormir sem ter feito nada? Não só ele, mas como toda a equipe... como é que ninguém levou aquela senhora ao médico, ou comprou comida pra ela? Como assim ninguém fez nada?

E eu, uma pedra - de novo.

Natal já foi muita coisa pra mim. Agora, com a morte da vovó, ele é apenas mais um dia que, inevitavelmente, tem que acontecer. Não montei árvore, não coloquei enfeite na porta, não há nenhuma luzinha piscando, a não ser meu próprio coração pulsando -e já meio cansado- por dias melhores, independente de dias em vermelho no calendário.

Esse Natal, especialmente, será o dia que agradecerei por ter sobrevivido, por ter os amigos que tenho (que no final sobraram bem poucos, mas insubstituíveis) e por ter duas filhas maravilhosas. E pedir pro Dono da Festa que passe tudo muito rápido e, se possível, de forma indolor.

Pra você que leu até aqui, desejo o que você quer.
E um Bom Natal.

 
21 dezembro, 2007

Difícil querer definir amigo. Amigo é quem te dá um pedacinho do chão, quando é de terra firme que você precisa, ou um pedacinho do céu, se é o sonho que te faz falta. Amigo é mais que ombro amigo, é mão estendida, mente aberta, coraçao pulsante, costas largas. É quem tentou e fez, e não tem o egoísmo de não querer compartilhar o que aprendeu. É aquele que cede e não espera retorno, porque sabe que o ato de compartilhar um instante qualquer contigo já o realimenta, satisfaz. É quem já sentiu ou um dia vai sentir o mesmo que você. É a compreensao para o seu cansaço e a insatisfação para a sua reticência.

É aquele que entende seu desejo de voar, de sumir devagar, a angústia pela compreensão dos acontecimentos, a sede pelo "por vir". É ao mesmo tempo espelho que te reflete, e óleo derramado sobre suas aguas agitadas. É quem fica enfurecido por enxergar seu erro, querer tanto o seu bem e saber que a perfeição é utopia. É o sol que seca suas lágrimas, é a polpa que adocica ainda mais seu sorriso.

Amigo é aquele que toca na sua ferida numa mesa de chopp, acompanha suas vitórias, faz piada amenizando problemas. É quem tem medo, dor, náusea, cólica, gozo, igualzinho a você. É quem sabe que viver é ter história pra contar. É quem sorri pra você sem motivo aparente, é quem sofre com seu sofrimento, é o padrinho filosófico dos seus filhos. É o achar daquilo que você nem sabia que buscava.

Amigo é aquele que te lê em cartas esperadas ou não, pequenos bilhetes (...), mensagens eletrônicas emocionadas. É aquele que te ouve ao telefone mesmo quando a ligação é caótica, com o mesmo prazer e atenção que teria se tivesse olhando em seus olhos. Amigo é multimídia.

Olhos.... amigo é quem fala e ouve com o olhar, o seu e o dele em sintonia telepática. É aquele que percebe em seus olhos seus desejos, seus disfarces, alegria, medo. É aquele que aguarda pacientemente e se entusiasma quando vê surgir aquele tão esperado brilho no seu olhar, e é quem tem uma palavra sob medida quando estes mesmos olhos estão amplificando tristeza interior. É lua nova, é a estrela mais brilhante, é luz que se renova a cada instante, com múltiplas e inesperadas cores que cabem todas na sua íris.

Amigo é aquele que te diz "eu te amo" sem qualquer medo de má interpretação: amigo é quem te ama "e ponto". É verdade e razão, sonho e sentimento. Amigo é pra sempre, mesmo que o sempre não exista.



o bom da vida SÃO MESMO os amigos
pra vocês que sabem quem são.


Esse é o jeito que achei pra dizer "putaquepariu, caras, ces são tudo na minha vida".
Pronto, falei. Agora eu vou ali enxugar meu rosto. De novo.

 
01 dezembro, 2007
Eu estava zapeando os canais e deparei com um programa do Gasparetto, e dei atenção uns minutos. Se você ainda não viu, nem se dê ao trabalho. É mais um tipo Márcia Goldshimith -se é que é assim que escreve esta penga- onde debate-se problemas familiares. Então. O tal problema do senhor de rabo-de-cavalo no palco é que ele é louco por sexo e trai a esposa desde o segundo dia de casado. Até aí, morreu a neusa. Daí Gasparetto diz que tem um lado sociedade, do 'você tem que ser assim ou assado' e tem o lado eu, do 'quero comer todas e se possível ao mesmo tempo', e um lado fica brigando com o outro, porque você quer ser o teu eu, mas tem que mostrar teu lado sociedade, se não você é mal visto. Nem Freud explica, queridos. Mas Gasparetto até tenta.

Não, não. O senhor de rabo-de-cavalo era horrível de feio e é daqueles carecas em cima que deixam o cabelo crescer atrás, pra 'compensar'. Tava numas de 'no ramo que eu trabalho', 'na minha profissão' que eu já tava curiosa pra saber o que a aberração era, mas nem deu tempo, mudei antes. O que vi bastou pra tomar ainda mais nojo dessa idéia de que sexo é legal e a salvação do mundo, uhuuu.

Aparece lá que o tal tem um caderno onde ele anota todas as mulheres que ele já comeu. Me poupe. Tinham umas 500's e tralálá. E foram entrevistar uma delas, uma mulata de cabelos vermelhos [O.o], novinha, dos seus 20 e pouquíssimos anos. Daí ela falou que ficou com ele 3 meses, mas que não aguentou proque ele é mulherengo por natureza e ela queria ele só pra ele. Me poupe². E o que ela viu nele? - pergunta a repórter. "Ah, ele é carinhoso, um gentleman, sabe conversar, blablabla". Me poupe³. Fiquei até esperando perguntarem 'e o que ele viu em você?', mas não rolou, infelizmente. Porque a recíproca era verdadeira, entenda.

Tá, tudo bem. E o que me levou entrar na internet de madrugada pra colocar isso no blog? Revolta, simplesmente. O cara deve feder perfume barato da Avon. Deve passar gel fixador Bozanno no que resta dos cabelos. E ficava lá dando 'graças a Deus' cada vez que o Gasparetto falava que ele gostava de sexo e que isso era natural. Puro merchan, como diria os bigbrothers da vida. Te ferrar, meo. Que mulherada mal amada é essa que um cara daquele naipe já comeu mais de quinhentas?

Tou sozinha pra caceta, carente à beça, mas nem é por isso que vou sair dando pra um homem daquele tipo. E a esposa, casada com aquilo há 32 anos? Deve ver o marido na TV e ir comprar pão pros filhos vestindo um burca, não é possível. Deve estar tão maltratada que nem tem forças mais pra separar, não acha vida além do que a que vive. Eu sei, porque por muito menos, também achei que não existia, uma época da minha vida. E confesso que ainda tenho dúvidas se existe, mas continuo procurando, enfim.

Na hora que o cara foi comentar da tal mulata, e disse que o trabalho dele também envolvia ambiente das modelos, mudei de canal. Modelos? Me poupe - acabaram as potências. Toda hora falava que dormiu com mulheres lindas. Se aquela mulata era uma dessas lindas, meus caros, prazer, sou Angelina Jolie.

Medo.
Muito medo.