Não dava pra ir no mesmo salão que eu sempre fui, porque é bom, mas é caro. Tinha que escolher um mais barato, porque tinha pouca grana, e aqui salão é igual mato. No primeiro que pisei, fui dispensada solenemente. Tinha três clientes, mas fui informada que estava lotado. Hum. Então tá, né?
Vim seguindo na mesma rua, encontro outro. Pequeno, mas limpinho. Entro e encontro uma jovem senhoura enrolando toalhas. Fui muito recebida, só tinha ela lá dentro. Quando ela indagou o que eu pretendia, eu disse:
- Cortar, hidratrar e escovar.
Daí, a cena clássica: solto os cabelos, e mexe daqui, mexe de lá, transforma a gente numa bruxa e depois a pergunta crucial:
- Como quer o corte?
Nem pestanejo:
- Tipo o da Vitória, da novela.
- CUUUUUUURRRRRRRRRRTOOOOOOOOO? - pensei que mulher ia ter um piripaque.
Antes de argumentar que o cabelo é meu e eu corto como eu bem entender, ela começa a falar que tratando assim, hidratanto assado, os fios se recuperariam e não precisaria cortar, porque é um cabelo bonito e que isso e que aquilo.... daí, lembrei que eu ainda tenho uma certa educação para ser distribuída e que isso é um caso raro mesmo, de mulheres cortarem cabelóns em cabelinhos, e por isso a jovem senhoura estava tão estarrecida. Expliquei que queria mudar, que desisti de tintura por enquanto, e que corta logo essa porra, meu cabelo cresce logo.
Entendida essa parte, então fomos para a parte crucial 2, num salão de beleza: lavar os cabelos naquela geringonça. Pode até ter aquele estofadinho na parte do pescoço, não adianta: acho aquela cadeira-lavatório o fim da picada. Ô treco desingonçado e desconfortante. E ela lavou, lavou e depois passou o creme de hidratação. Daí, massageou muitas vezes mecha por mecha e conversamos sobre o salãozinho, investimentos, grana e afins.
Chegou então a parte crucial 3: se o creme é termoativado, vamos pra'quele vapor, com os cabelos engrumidos e enrolados num coque, preso por uma presilhona. Se não, colocamos uma touca daquelas de banho, mas muito mais maior de grande, toda laminada e sentamos no sofá da entrada, tomamos um café, lemos uma revista, assistimos a TV, fumamos um cigarro e rezamos para que nenhum príncipe encantado adentre o salão naquela maledita hora em que parecemos uma extraterrestre.
O detalhe meigo: a touca laminada da jovem senhoura tinha bolinhas de isopor dentro. Suuuuuuuuuuuper fashion.
[Continua......]