19 julho, 2006

Ontem eu vi um negócio que fiquei assim, assim. Se me faltasse um pingo de vergonha, eu teria ido lá falar com ela. Correndo de um banco à outro, e mais 3 lugares diferentes pra passar, noto ao párar num semáforo, uma moça, bem vestida até, dessas normais, caminhando com alguma elegância, deixando uma fila de homens parados atrás dela; boquiabertos de todas as maneiras, dos mais babões, aos mais discretos.

Eu disse fila de homens. E não foi só eu que notei. Uma porção de outras gentes também notaram. Parecia um comercial, tipo desodorante ou shampoo, sei lá, que as pessoas vão ficando estáticas quando a atriz passa, sabe? Então. Olhei de novo a moça, torcendo pro sinal não abrir, à tempo de eu entender o mistério. Ela vinha na minha direção ainda, passaria pelo meu carro, um sol iluminando a alma. Quando ela finalmente passou por mim, eu entendi pelo retrovisor o porquê dos homens enfeitiçados.

A saia dela, preta, num discreto e bonito corte até pelos joelhos, num tecido que conheço mas eu não saberia te explicar, com a luz do sol, a deixava completamente nua. Eu conheço o tecido por malha fria, mas acho que isso nem ajuda muito para você entender. Enfim. Com uma calcinha preta, fio-dental, o que se via por trás da moça era praticamente um véu à descer pelas coxas e párar nas dobras dos joelhos.

Ela caminhava, firme no seu propósito e tenho certeza absoluta que ela não tinha a mínima noção do que estava acontecendo. Não tinha cara, nem jeito, nem proporção de que a saia era transparente ao sol. Quando o sinal finalmente abriu, segui ainda observando os homens que ela deixara pra trás, em tempo ainda de escutar de um deles, que parou sua bicicleta no meio-fio para contemplar a visão, soltar para o do lado: 'que vadia'.

Aquilo me fez cogitar a hipótese de retornar e ir falar com ela. Hipótese que durou segundos, confesso. Vai que eu estivesse enganada e ela realmente soubesse do furor que estava causando. Mas não tinha cara de vadia. Achei o comentário do homem (???) um insulto à mim mesma, me incomodei com aquilo, como se eu estreiasse uma saia que, na verdade, nem havia como saber que ao sol, desapareceria.

Fui pro meu itinerário, com isso na cabeça. Porque estou assim: tudo me atinge em cheio. Tomara que tenha cura. Assim, bem rápido.