13 abril, 2006
Já percebeu como tratamos os outros perante nossos relacionamentos? Nunca que a pessoa é bonita, gostosão, gostosona, comível ou inspiração para nossos sonhos mais lascivos. Sempre que se referem ao amigo do trabalho, elas dizem: O João tem namorada, ô. Ou quando se referem à secretária do chefe, eles dizem: Ela é muito bacana, gordinha, simpática que só.

Como se esses predicados diminuíssem a chance de uma paixão, como se essa minimilização deixasse claro que não há possibilidade nenhuma de existir algum interesse, fora a amizade.

Entreouvi, ontem, um amigo respondendo à outro, que perguntava como tinha sido o almoço com fulana: "Completamente profissional, ô. Tenho namorada!". Acabei gargalhando na hora, e fui questionada do porquê da graça....

Ora, por ter namorada, ou namorado, todas as pessoas se tornam desastrosamente feias e desinteressantes? Ah, me poupe. E esse mesmo amigo, ao comentar do almoço profissional com a fulana, deve ter dito à namorada: "ela tem mau hálito (ou) ela é casada (ou) ela tem 28523785 filhos (ou) ela é esquelética (ou) ela é gorda (ou) ou ou ou........."

E daí se a pessoa for extraordinariamente bonita, bem-sucedida, interessante? E daí se eu falar pro meu namoradonoivomaridoamante que a pessoa nova no trabalho é bonito pra dedéu ou tem um sorriso maravilhoso? Isso, necessariamente, indica que eu vá pro motel com ele na hora do almoço?

Tenha dó.

Muito pior que ser hipócrita, é ser hipócrita consigo mesmo, né não?

E sigamos.