21 dezembro, 2004
Eu tenho MUITOS sapatos. Não, não chego à uma Claudia Raia, mas tenho bem uns oitenta à cem pares de sapato - e nessa quantidade, tem só um par de tênis, o que seria uma peculiaridade de minha... hã....er... digamos: coleção de sapatos.

Quando eu fazia faculdade ainda, trabalhei no escritório de uma rede de loja de calçados super bem conceituada aqui no Vale do Paraíba. O dono, além de um mega empresário no ramo, com cerca de umas 16 lojas com o seu nome, era muito (mas muito mesmo) parecido com o Antonio Banderas, mas isso é só um comentário banal...rs.


Eu não trabalhava especificamente nas lojas (só aqui em Jacareí tem 5), mas eu ia direto em cada uma delas - inclusive nas das cidades vizinhas e tal - o que ajudava e muito na minha loucura por sapatos de todos os tipos e o aumento considerável de minhas aquisições. Tinham modelos que nem tinham ido ainda pra vitrine e eu já tinha feito a compra no estoque.... :)

Uma coisa que mais me surpreendia no Oscar era o talento que ele tinha pra escolher os funcionários pessoalmente, a verdade dentro das reuniões e o plano de carreira que ele oferecia-nos. Todo gerente - até os regionais- tinham começado de vendedor um dia. Eu mesma, que comecei como uma simples secretária da irmã dele, passei à analista de créditos em menos de dois anos, com minha sala e tudo o mais.

Então, pelos bons tempos que passei como funcionária dele, me habituei a comprar (+) sapatos lá. É sempre minha primeira opção e, geralmente, não tem segunda: compro lá mesmo. Mas voltemos aos funcionários: todos bem apresentáveis, com alguma queda pro "diferente", uniformes sempre muito bem descolados, vendedores super simpáticos e destrados a não colar em um cliente e crediário superhipermegamaxi feminino e bonito.


E acabei recordando isso tudo, na minha última compra. Faltando dez minutos pro shopping fechar, já indo embora, passei o olho na vitrine - outro ponto fortíssimo das lojas - e me encantei com uma sandália. Olhei ao redor, o vendedor disse um Oi bacanérrimo, sorriso aberto, moço bem bonito, sorri de volta, olhei o botton na camisa dele (que funciona como crachá, uma belezinha) e disse: "Ronaldo, pega pra mim desse modelo, 35, voando e ligeiro?"...

Ele gargalhou gostosamente, como se eu tivesse contado a melhor das piadas - eu disse que ele eram adestrados, rs - e respondeu um "É pra já!"... Só que ele demorou mais que o devido, e eu já tinha imaginado a resposta quando ele voltou: tinha acabado daquele modelo, mas ele trouxe outros, que não fizeram a minha cabeça, infelizmente.

Mas é tanta dedicação, sabe? Ele me pediu mais alguns momentos, depois que fiz biquinho, claro, voltou pro estoque, mas realmente daquele que eu tinha escolhido tinha mesmo acabado. E ele mostrava uma inconformação que me cativava, mesmo eu sabendo de velha que tudo é truque, que tudo é devidamente ensinado à eles, que é assim que se vende. Depois soltou um "Que droga!", levantando os braços e batendo nas pernas, sabe como é? Pura conquista.

Me acompanhou até a porta, disse que sentia muito não poder ter me ajudado, me desejou Feliz Natal e eu saí de lá sem a sandália, mas me sentindo gostosamente bem. Quer saber? O Oscar está MESMO de parabéns com toda a equipe que possui. Pena que eu tive que me desligar da empresa, pra buscar novos horizontes.... às vezes sinto saudades de lá. Ganhava-se bem menos do que já ganhei um dia, mas tinha-se prazer.

O site dele aqui.