01 junho, 2007
Se fosse pela definição do livro que a mãe dela tem no armário, "amor é um gostar que não diminui de um aniversário pro outro". Era exatamente assim que ela sentia dentro do peito. O coração parecia galopar. Não. O coração parecia atleta em prova de obstáculos.

A hora da escola demora muito a chegar. A hora do intervalo então, que eternidade. Pensa o tempo todo naquela única parede que os separa. Projetou uma janelinha imaginária que a visão acaba bem no sorriso largo dele. E, quando finalmente chega o intervalo, passa rápido demais. A não ser aquele slow, quando ele desce as escadas e vai ao encontro dela. Lá vem os atletas de novo. Transpira, gagueja, sente o rosto queimar. Quer um pedaço? Quero. Trouxe um bombom pra você. Como você é fofo.

Se tem que se separar, que seja bem rápido: bendita seja a tecnologia. Orkut, messenger, telefone. Benditos sejam botões e luzinhas. É assim que mantém todos os atletas aquecidos para uma nova corrida. E quando ele liga, agradecendo o dia ou só pra falar oi, ou -melhor- só pra dizer que estava com saudades, o sorriso vêm grandão, iluminando o dia dela. Sorriso estampado desde que o amor aconteceu. E o coração? Ah, o coração tem dono. Desde o dia que ele amarrou o papel do sonho-de-valsa no dedo dela feito anel, e mais tarde ligou pra perguntar se ela lembrava do comercial. É claro que ela lembrava! A mãe escutou o grito de felicidade do outro lado da casa.

O amor chegou pra criança, que de criança mesmo não tem quase mais nada. Ela treme só de pensar que um dia ela vai beijar de verdade e que andará de mãos dadas; ela vibra do coração ter escolhido tão certo; porque ele é o melhor menino do mundo. Ela sabe que é amor, porque a mão dela quer muito pegar na dele, mas sabe que a dele tem que pegar na dela primeiro.

E os anjos da menina saem na frente, estendendo tapetes vermelhos, jogando pétalas de rosas, providenciando os fogos de artifício e o fundo musical adequado.

Porque é o primeiro amor.
E tem que ser tudo perfeito.

;)