No último dia que o viu, ela disse que mataria por um pedaço de bolo de chocolate naquele exato momento. Ele olhou bem profundamente nos olhos dela e sorriu, tão bonito, que a desconcertou. Deu uma desculpinha pra voltar pra sala, cabisbaixa, e muito provavelmente, com as bochechas vermelhas. Sentiu o rosto queimando. Ela tinha certeza que tinha ficado vermelha. Ficou, sim.
Depois de alguns dias sem vê-lo, reencontrou-o hoje, no corredor. Vindo de encontro, sentiu o perfume. Retribuiu o 'oi', o formal aperto de mão, e fingiu que procurava algo na bolsa... perdia completamente a maturidade diante dele.
- Eliminou tanta matéria, que mal a vejo ultimamente.
- É. Quem manda estudar a vida toda? - ri, sem graça.
- Quase contratei um detetive pra saber que dia estaria aqui.
- É mesmo? .... Quintas, sempre. Algumas segundas. Alguns sábados. Mas era só perguntar.
- Agora eu já sei. Já descobri, melhor falando.
Riram. Juntos. De novo. Ela o olhava quando ele sorria. Era tão bonito.....
Como é possível cheirar tão bem e sorrir tão perfeito? Deus! - ela pensava.
Quando, finalmente, ela volta a si, vê que ele está esticando um potinho à ela. Da onde saiu aquele potinho? - ela se perguntava, quando ele interrompeu:
- Não sou nenhum chef de cozinha, mas fiz pra você.
Ela, sem entender quase nada, e preocupada se ele estava notando o coração dela saltando dentro do peito, pega o potinho de tampa azul da mão dele e abre.
Era um farto pedaço de bolo de chocolate.