13 janeiro, 2006

Ela flagrou novamente o deslize. Pela terceira vez consecutiva. Ele inventou desculpas esfarrapadas e infantis. Ela não teve dúvidas. Mandou-o embora com toda sua imperativa canalhice crônica. Ele foi. Ela ainda levou: ele, malas, pertences e canalhice com a maior calma do mundo. Era o preço para ele sumir de vez? Ela pagou. O silêncio tomou conta do carro. Ela ligou o rádio alto. Bem alto. Mais alto. Cantou junto. Arrumou o cabelo no retrovisor. Ele olhava com olhos incrédulos. Ela se assustou com a aparência da casa que o amigo emprestou pra ele. Mas ela estava de óculos escuros. Ele não percebeu. Feição irredutível a dela. Casa feia. Velha. Mal-acabada. Chão de cimento puro. Janelas quebradas. No cu do mundo. Mas ela não tinha mais nada a ver com isso. Ele que se vire. Ele que se dane. Assim que ele bateu o porta-malas, ela manobrou o carro e saiu. Rumo à saúde mental.
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Ela manda dizer que está bem.