21 janeiro, 2006

Os problemas chegam. Algum tempo de nossos dias, eles pesam com alguma significativa. Falta grana, falta saúde, falta respeito, falta organização, falta compreensão, falta amor, falta tempo. Tudo de uma só vez. Quebram coisas sem qualquer explicação, diagnostica que a febre tem associação ao stress, os diálogos tornam-se confusões, a pessoa que você ama vai embora, a casa fica de perna pro ar, amigos e parentes não estão nem aí e mesmo acordando as 6 da manhã, o dia é curto e a grana não rende.

Pára tudo.

Esse quadrado de edição de posts onde escrevo isso tudo é meu psicólogo particular. Minha terapia. Minha válvula de escape. Meu porto seguro. Não gosto de lamentações, o que significa também que odeio lamentar, certo? Mas acho que entender que eu não tenho rédeas da situação não é tão difícil. Tenho vida, sofro, dói. Não tem nenhum botão onde desliga e foda-se o mundo, vou viver. Quem deve medir isso sou eu mesma. Eu questiono isso o tempo inteiro, acredite. Se é por sinceridade que perco, será por sinceridade que também ganharei.

Por mim, eu estava bem, claro. As vezes, não basta querer. Se eu quero uma promoção, aí basta querer. Se tanta coisa junta abala o emocional, se você é traída uma, duas, vinte vezes, por amigo, amante, família: pára e pensa. A dor não é algo opcional. Vem de fábrica. Escolher sentir é balela. Enquanto eu acho que vou passar o dia bem, que consegui me distrair, que consegui rir, que o pouco de respeito por mim que sobrou (e entendimento) batalha por isso também, os pensamentos/lembranças vêm e dóem.

Dóem.

Aí, pode exaurir em procurar o OFF e não se acha o bendito botão que vai párar tudo. Eu tenho certeza que não se morre por amor - ou por qualquer outra coisa, salvo algumas exceções. Isso tá mais pra letra de música e roteiro de filme do que pra realidade. Está também para aqueles desfalecimentos de prazer, depois de uma boa trepada. Morrer de amor. Mas bah.

Então, que cansa um pouco essa história de 'ergue a cabeça', 'seja mais você', 'isso passa', 'paciência', 'calma'. Tudo bem eu não estar bem? Tudo bem eu me magoar? Tudo bem eu querer sentir isso? Tudo bem eu esperar cair a ficha? Tudo bem se eu perder a calma, chorar, bater o pé no chão, gritar, acordar inchada e não dar uma palavra o dia todo? Deixa meu sangue correr, isso não é drama, isso é limpeza. Ou você é um ser indolor? Duvido.

Desejo profundamente que alguém apareça, me abrace e diga de mansinho: deita aqui, chora, vou ficar quietinho, ou quietinha, até você dormir. Mas isso deve ser um tanto difícil nesse mundão moderno, onde os homens e mulheres são seres frios tal qual minha geladeira quebrada. Ou se fazem de. Então, não tenho dúvidas: sou prosaica e eu quero assim.

Posso?
Grata.

[e se você tiver paciência com tudo isso... e se você estiver aqui quando tudo isso passar... será prova de que realmente nossa amizade vale a pena, porque é agora que mais preciso de você]

"Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato... Ou toca, ou não toca". - Clarice Lispector -