08 abril, 2005

Depois de duas horas e qualquer coisa no telefone com a pessoa*, contando metade de meus problemas, conclui-se que eu sou a verborrágica e ela a improdutiva, que enquanto eu faço 20 laudas ela faz 1 linha, que falamos de pessoas pedantes e malósticas, que definitivamente Clarice Lispector teve uma diarréia mental ao escrever um livro no passado e que comer bolo de milho quentinho é uma desfeita pra quem está do outro lado da linha, fecho o post anterior à esse com a seguinte pérola (no sentido de valiosa mesmo):

FECHA LOGO ESSE BUEIRO, CARALHO.

Grata.
Agora podemos retornar à vida normal.


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Logo cedo?

Sol, muito sol, calor, um inferno - o que já é insuportável.

Não bastasse isso, eu tinha que rever meu ex marido logo assim, cedinho?

Não, a gente não se fala.

Eu nem sei o que ele anda fazendo por essas bandas, na verdade.

Mas fiquei mal. Malzaça.

Pensei em párar o carro, mas continuei dirigindo. Pensei em voltar pra onde ele estava, mas continuei meu caminho.

Estou com a sensação de que meu dia vai ser uma merda.

Sim, ele ocasionou tudo isso em mim, num relance de olhar.

Não, não é o que você provavelmente esteja pensando.

É raiva.

Raiva dele estar tão perto de casa e não se dar o trabalho de vir ver as filhas. Raiva dele estar desaparecido há mais de dois anos, sem uma notícia sequer e de repente vê-lo há dois quarteirões donde moro. Raiva de estar entalado muita coisa aqui que eu nunca falei, mas preciso falar. Raiva de não ter parado e dito tudo. Raiva por ter continuado meu caminho, com o rosto queimando de... raiva e uma ânsia de vômito. Raiva por ele estar ostentando um carro zerinho. Raiva por ele ter fingido que não me viu. Raiva por ele ser quem ele é. Raiva por ele ter sido quem foi. Raiva por ele nunca mais voltar a ser o pai que foi. Raiva de mim. Raiva. Ódio. Merda.

Que dia idiota vai ser esse.

Tenho certeza absoluta que isso vai me pentelhar as idéias o dia inteirinho.

E ainda vou chorar, creia.

De raiva.