05 maio, 2004
Hoje eu cheguei louca por um banho demorado. Meus poros clamavam banho... meus nervos enrijecidos também. Já contei alguma vez que tenho banheira em casa? Pois é, eu mesma esqueço que tenho. Às vezes, no real e até mesmo no virtual, deparo com algumas pessoas que incluem uma banheira em sua lista de consumo. Eu que tenho, mal ligo pra ela e por muitas vezes me sinto culpada por isso. Talvez porque eu tenha o pensamento "banheira" completamente ligado à "tempo sobrando pra curtir". Pois bem. Hoje tirei todas as tralhas que nela habitavam, brinquedos de banho das crianças em sua maioria, joguei uma água pra dar uma limpeza, fechei o ralo, liguei a torneira, sentei-me na borda e fui abrir um jogo de sais de banho que ganhei no Natal (!) e fui despejando lá dentro... sais energizantes, estimulantes, revigorantes... água de cheiro, essência de rosas - que eu não conhecia, e a espuma subindo. Testei a temperatura - boa, muita boa... eu quase podia ouvir meu nome sendo escandalosamente chamado: venha, venha.... E fui, fui. Com uma toalha enrolada nos cabelos, pra preservar a escova, mergulhei o corpo no morno da água mais necessária de praticamente toda a minha vida. Hoje eu realmente estava precisando disso... A última frase antes do cochilo breve, me lembro bem, foi pra Rafa trazer o discman, onde deixei rolar Kitaro. Eu já havia me esquecido como é bom! Com o corpo mergulhado como num ventre materno, deixei-me esquecer. Esquecer dos problemas que me cercam, das dívidas, do trânsito, da gripe, do curso de finanças, do carro que começou a vazar óleo, da conversa surreal que tive hoje com a minha mãe, de vícios que tenho que manter, de dores que tenho que esquecer, de vazios que preciso ocupar. Perdida no que fazia, no caminho que minha mente trilhava descontroladamente, esqueci de mim, ali, quieta, e acabei cochilando por 15 ou mais minutos, pra acordar muito bem, obrigada. Agora com o corpo enrolado no roupão, vejo meus problemas irem ralo abaixo, literalmente. Bye bye. Não sou de paramentar-me depois de um banho (cremes aqui e acolá) mas dessa vez incrementei meu momento-eu com hidratante no corpo inteiro e uma olhada fatal no espelho: "você merece", meus olhos me disseram. "sim, eu mereço", minha boca respondeu. Renovada e pronta outra vez. Depois disso, dessa revigorada, pretendo lembrar mais vezes que há sim, uma banheira em casa, capaz de fazer milagres interiores. Passei o fim de tarde e noite adentro lendo tudo que via pela frente, blogs e mais blogs e concluindo: sempre compensa no final, desde que busquemos compensar. Acho que é isso.