19 fevereiro, 2003

Venho por meio desta , apresentar oficialmente meu pedido de demissão da categoria dos adultos.

Resolvi que quero voltar a ter as responsabilidades e as idéias de uma criança de oito anos no mínimo.

Quero acreditar que o mundo é justo e que todas as pessoas são honestas e boas.

Quero acreditar que tudo é possível.

Quero que as complexidades da vida passem por mim desapercebidas e quero ficar encantada com as pequenas maravilhas desse mundo.

Quero de volta uma vida simples e sem complicações.

Cansei dos dias cheios de computadores que falham, montanha de papelada, notícias deprimentes, contas a pagar, fofocas, doenças, e necessidades de atribuir o valor monetário a tudo que existe ponto.

Não quero mais ter que inventar jeitos para fazer o dinheiro chegar até o dia do pagamento.

Não quero mais ser obrigada a dizer adeus às pessoas queridas e, com elas, alguma parte da minha vida.

Quero ter certeza que Deus está no céu, e de que por isso tudo está direitinho nesse mundo.

Quero viajar ao redor do mundo num barquinho de papel, que vou navegar numa poça deixada pela chuva.

Quero jogar pedrinhas na água e ter tempo para olhar as ondas que elas formam.

Quero achar que as moedas de chocolate são melhores do que as de verdade, porque podemos comê-las e ficar com a cara toda lambuzada.

Quero ficar feliz quando amadurecer o primeiro cajú, a primeira manga ou quando a jabuticabeira ficar pretinha de frutas.

Quero poder passar as tardes de verão à sombra de uma árvore, contruindo castelos no ar e dividindo-os com os meus amigos.

Quero voltar a achar que chicletes e picolés são as melhores coisas da vida.
Quero que as maiores competições que eu tenha que entrar seja um jogo de bola de gude ou uma pelada.

Quero voltar ao tempo em que tudo que eu sabia eram os nomes das cores, a tabuada, as cantigas de roda, a "batatinha quando nasce..." e a "ave maria", e que isso não me incomodava nadinha, porque eu não tinha a menor idéia de quantas coisas eu ainda não sabia.

Quero voltar ao tempo que se é feliz simplesmente porque se vive na bendita ignorância da existência de coisas que podem nos preocupar ou aborrecer.

Quero acreditar no poder do sorriso, do abraço, do agrado, das palavras gentis, da verdade, da justiça, da paz, dos sonhos, da imaginação dos castelos no ar e na areia.

Quero estar convencida de que tudo isso... vale muito mais que o dinheiro!!!

A partir de hoje, isso é com você, porque eu estou me demetindo da vida de adulto.

Agora, se você quiser discutir a questão, vai ter que me pegar... PORQUE O PEGADOR ESTÁ COM VOCÊ!!!

E para sair do pegador, só tem um jeito: demita-se você também dessa sua vida chata de adulto, principalmente os mais sérios e os mais preocupados.

NÃO TENHA MEDO DE SER FELIZ!