15 novembro, 2004

O GALO SEVERINO

Era uma vez um fazendeiro que tinha um galinheiro com 180 galinhas e estava procurando um bom galo para produzir ovos. Um belo dia, o fazendeiro vai até o povoado, entra na galeria e diz para o galeiro:

- Boa tarde! Procuro um bom galo capaz de cobrir todas minhas galinhas.

O galeiro responde:

- Quantas galinhas tens?
- 180 - diz o fazendeiro.

Então o galeiro puxa uma gaiola com um galo enorme, musculoso, com a crista de pé, olhos azuis e uma tatuagem dos Rolling Stones no peito, e diz para o fazendeiro:

- Leva esse aqui, o Pedrão, ele não falha.

O fazendeiro leva o galo e no dia seguinte, pela manhã, solta o galo no galinheiro. O galo sai correndo, pega a primeira galinha, e dá duas sem tirar, pega a segunda, dá a primeira, e quando estava na segunda cai morto. O fazendeiro olha e diz:

- Aquele galeiro filho da puta, este galo comeu duas galinhas e capotou.

Entao, pegou o galo pelo pescoço e levou-o até o galeiro e contou o que aconteceu. O galeiro se desculpou apresentando-lhe outro galo. Este era preto, de crista amarela, olhos negros e tênis da Nike. E diz para o fazendeiro:

- Esse aqui é o Rodman. Dá uma olhada no trabalho dele depois me conta.

O fazendeiro volta pra fazenda com o galo e repete a manobra. Solta o bicho no galinheiro, o galo sai alucinado, come a primeira galinha de pé, pega a segunda e traça-a encostada na cerca, com a terceira ele faz um 69 e quando está bombando a quarta, cai morto no meio do galinheiro. O fazendeiro, emputecido, pega o galo e vai falar com o galeiro:

- Escuta aqui, ô filho de uma puta, é o segundo galo que tu me vendes e que não presta pra nada. É melhor você me vender um galo decente ou vou tocar fogo em tudo aqui, sacou cara!!!

Então o galeiro mostra-lhe um galo miúdo, pelado, cabeçudo, sem crista nem penas, com olheiras, corcunda, com tênis Bamba de lona e uma camisa azul clara com os dizeres "Maracanã 1950" e diz ao fazendeiro:

- Olha, é só o que me resta. O nome dele é Severino.
- Que merda vou fazer com este galo todo fudido...

Chegando à fazenda solta o Severino no galinheiro. O galo arranca a camisa e sai enlouquecido comendo todas as 180 galinhas. Dá uma respirada e come as 180 de novo. Sai correndo e enraba o pastor alemão, aí o fazendeiro pega ele, dá dois sopapos para acalmá-lo e tranca-o na gaiola.

- Porra, que fenômeno é este galo!!! pensa o fazendeiro.

As galinhas estavam enlouquecidas com o Severino. Que o Severino é isto..., que o Severino é aquilo..., é uma loucura total, todas as galinhas estavam querendo mudar-se pra Catolé do Rocha-PB (terra natal de Severino). No dia seguinte solta o bicho de novo, o Severino sai levantando poeira. Dá duas voltas no galinheiro faturando tudo que é buraco com penas que encontra pelo caminho, sai correndo e come o cachorro, o porco e vacas.

O fazendeiro corre atrás, pega ele pelo pescoço, dá umas chacoalhadas para acalmá-lo e joga ele na gaiola.

- Que galo sacana, vai me cobrir a fazenda inteira!!!, diz o fazendeiro todo satisfeito.

No dia seguinte, vai buscar o galo e encontra a jaula toda arrebentada.

- O Severino fugiu!!!

Sai correndo para o galinheiro e encontra todas as galinhas fumando e assobiando, lá fora o porco com o rabo para o sol, as duas vacas deitadas no chão com a perereca vermelha falando no Severino, o cachorro com a bunda
assada, e pensa:

- Ele vai comer o gado do vizinho, vão me matar!!!

Então pega o cavalo e sai procurando o Severino sem descanso, seguindo as pistas deixadas por ele (cabras suspirando, bodes passando hipoglós na bunda, uma tartaruga que perdeu o casco no tranco, um touro provando lingerie, três capivaras mancando, um pônei sentado no gelo, um bambi curado de hemorróidas...) até que, de repente, à distância, vê o Severino caído no chão. Uma cena aterradora!!! E os abutres voando em círculos, se babando de fome!
Quando viu os abutres sobrevoando, o fazendeiro entendeu a situação.

- Nãaaooooo, Severinoooooo!!! Morreuuuuuuuuu o Severinoooo!!! Logo agora que tinha encontrado um galo de verdade!!!

E no meio do lamento, cuidadosamente o Severino abre um olho, olha para o fazendeiro, pisca e diz:

- Shhhhhhhhh!!! Fica quieto que eles estâo quase descendo...

(Valeu, Rerrê)