09 janeiro, 2008
Me lembro que uma vez eu comecei a contar aqui dos homens [e projetos de homens] que já passaram na minha vida, e acabei deixando quieto porque alguém começou fazer o mesmo e achei que ia dar overdose, que ia acabar ficando cansativo mesmo. Daí parei.

Mas -vai entender a vida- ontem eu estava lembrando de um cara muito fofo que eu conheci há duzentos anos atrás e vale até umas palavrinhas dele aqui. Juro que tentei lembrar o nome, apostaria em Jefferson, mas definitivamente não tenho certeza disso. O apelido era Carneiro [pausa para as gozações....][...][...][...][....][....][/fim das gozações] e era assim que todo o mundo o chamava, não sei bem por quê.

A gente ficou bem amigo, na época. O conheci solteiro, depois ele namorou, depois ele dava uns catos. Na verdade, nunca o vi sozinho mesmo. Se chegava sozinho, não ia embora sozinho. Enfim. Mas a nossa amizade fluía, sabe? Era legal falar com ele, era engraçado, inteligente, umas sacadas bacanas. Mas nunca [disso eu também não tenho certeza] imaginei um dia sair com ele, achava muita areia pro meu caminhãozinho, mesmo com várias viagens. Não era lindo, mas vivia bem acompanhado e eu com minha eterna síndrome 'não mereço você', não imaginaria que poderia acontecer algo.

Com os anos, a gente se afastou. Se via aqui e ali, e nos abraçávamos longamente. Mas não tinha mais contato direto, como na época em que o conheci e frequentávamos os mesmos lugares.

Um belo dia, ele me liga - coisa que nunca fez antes: sabe aquelas pessoas que a gente tem o telefone, passa o telefone da gente, mas simplesmente só pra ter mesmo? Era isso. Achei até que tinha acontecido alguma coisa, mas o tom da voz dele "olha, você ainda está com o mesmo número de telefone" me acalmou. Conversamos horas e fim.

Passado mais algum tempo -mais de um ano, menos de dois- ele veio em casa, com ar sério, dando na cara que tinha algo pra falar, mas só rodeando. Vale lembrar que , assim como o telefone, ele nunca tinha vindo em casa, a não ser pra me deixar nas inúmeras caronas que já me deu pela vida afora, e foi uma surpresa imensa atender a porta e vê-lo. Lá se tinham ido uns 5 anos desde que conheci, com contato mesmo só no primeiro ano e meio mais esse telefonema atemporal, e agora ele estava ali, na minha frente de novo, meio mudado, mas pouca coisa.

Sentamos na área da frente e mal nos falávamos. Ele me olhava com ternura, e eu devolvia o olhar. Nos questionamos [nos silêncios longos, surgem algumas perguntas cretinas] porque tínhamos nos afastado tanto, se sempre nos dávamos bem. A vida é assim, foda né?, vai entender a vida - como o início desse post. Ele ficou pouco, disse que tinha me procurado de novo porque ele estava pensando muito em mim e não conseguia dominar.

Respondi um 'que bom', sem muito mais o que dizer, meio não crendo em nada daquilo. Foi quando ele falou: preciso te beijar. E beijou. E fez-se a luz foi bom. Mas tudo no mais incrível silêncio. Nos levantamos do banco onde estávamos sentados, ele me abraçou como nos velhos tempos, e foi embora, pra sempre. Nunca mais soube dele.

Quando lembro de momentos assim na minha vida, páro de reclamar um pouco.

Em tempo: liguei hoje pra ele, mas nenhum dos dois telefones existem mais.

.......

BBB8

Queria ter logo uma primeira ácida impressão pra colocar aqui, como eu sempre faço. Mas não consigo pensar em mais nada além de ter achado essas duas caraduma, focinhodoutra.