07 outubro, 2008
"BURRO
Sou um CAIPIRA que foi engolido pelo processo vertiginoso de urbanização. Nada contra o Progresso,mas é de bom tom pedir licença. Aprendi desde muito cedo que é feio abrir a geladeira da casa dos outros. Faz tempo que não sou da roça, pensava que pasto era um mundo verde até ver imensas florestas pela TV. Gosto da cidade desde que ela mantenha a água limpa para todos beberem. A Literatura me preparou, por meio do sonho, a entender a realidade.Sou eternamente grato a Monteiro Lobato e a Cassiano Ricardo. Ser Criança é a minha maneira de ser forte e vitorioso.A disciplina não significa controle, controlar é não saber confiar.Por isso prezo a liberdade de dizer sim ou não.Posso com isso ser um alvo fácil, mas antes de ser atingido,certamente, um abrigo seguro."
Assim está a descrição do QUEM SOU EU num blog paradíssimo que achei dele.

"Professor de Literatura e Língua Materna,Ensino Fundamental e Médio. Gosto do Carnaval.Idealizei e participo de vários Blocos de Jacareí,inspirado em São Luiz do Paraitinga. Acredito que tudo fica melhor com alegria,pero sin perder la prudencia jamás."

E assim está o Orkut, também parado e praticamente sem fotos.

O conheci quando era contadora dum bar famosão daqui [hoje fechado]. Pra mim, ele se apresentou como fotógrafo, mas nunca conversamos muito. Bastante tempo depois, eu o vi na frente da prefeitura, soltando relinchos e com uma cabeça [muito mal feita] de burro como chapéu. Na época, pensei: o Dario endoidou.

Depois que ele foi matéria no jornal local, entendi. De Burro ele não tem absolutamente nada.

O fato é que ele se candidatou a vereador. Enquanto vários e vários candidatos se matavam nas campanhas milionárias, eu sempre o via pelas ruas com a cabeça-chapéu e duas garrafas pets na mão, batendo-as uma na outra, e falando, meio cantado: VOTE NO BURRO... 25... 300.

Era motivo de chacota pra muitos. Moleques zoavam, e ele relinchava na cara. Sempre de sorriso aberto, não gastou [acredito eu] um tostão na própria campanha. Sempre a pé, não tinha faixas, nem muros pintados. Um dia me entregou um santinho, muito provavelmente a cota dele, que sai pelo partido, foto junto com o candidato à prefeitura da chapa. Foi a única vez que peguei ou vi um santinho dele.

Vi o Dario ou o escutei praticamente todos os dias. Sempre tinha alguém que me falava: sabe ONDE vi o Dario hoje, sozinho, batendo suas garrafinhas? Na estrada que vai pra Santa Branca. Loonge. Tinha dias que ele passava em frente a loja quase sem voz.

No dia que falei aqui em casa que votaria nele, as meninas riram. Mas eu não falei isso pra elegê-lo tal qual o Clodovil foi eleito não. Eu falei sério, não votei por protesto, nem sou disso... já acho um saco essa coisa ser obrigatória, e sair de casa COM CHUVA pra fazer graça não combina comigo. O cara merecia meu apoio, ainda que não ganhasse.

Mas ganhou. Ficou em quinto, das treze cadeiras. Como tem muito povo aqui despolitizado [e nem vou entrar na questão que teremos o PT por mais quatro anos e fiquei bem PuTa com isso], está o maior burburinho de que foi cagada, de que ganhou porque votaram por brincadeira e até mesmo pelo tal voto de protesto.

Ninguém que o chamou de idiota [vide orkut, alguns tópicos por lá, soltos] procurou saber da decência dele. Bastava um Google rápido, mas deve cair a mão. Mais fácil falar o que não se sabe do que debater política correta e com inteligência.

O Dario é a prova recente que esculhambação e cinismo tem muito mais vez do que terno e gravata. De Burro ele não tem absolutamente NADA. Muito bom saber que ele vai estar lá, a todo fôlego, dentro da penelinha 'dos mesmos de sempre' na Câmara jacariense.

E por fim, pra quem fala que burro foi aquele que votou no Burro, pergunto: mais burro não foi aquele que elegeu a sombrinha do Marco Aurélio pra mais 4 anos? Já não bastava quase uma década de praças revitalizadas e avenidas encantadas?

Cada qual com seu cada um, mas como todo mundo 'acha' um pouco, eu acho que o voto mais inteligente dessa eleição foi em Dario. E ontem até sorri, cheia de orgulho, porque o vi, embaixo de chuva, com as já manjadas garrafas pets e seu chapéu em formato de burro, agradecendo o povo por ter acreditado nele.

E que engraçado. Não vi mais ninguém, além dele.

Mas claro, que 'burrice' a minha... deviam estar embriagados de champanhe caríssima da noite anterior.

Dario, caso você chegue aqui, saiba que te admiro um monte!

Parabéns!
;)