16 maio, 2005

Todo mundo tem uma história de telefone. Eu tenho várias, inclusive já contadas por aqui. Na minha modesta opinião, telefone é bom e é ruim. Mas celular já é um saco.

Eu fiquei sem celular muito tempo. Até inventarem que eu tinha porque tinha de ter um novamente, onde trabalho. Porque fico bastante tempo na rua, e em vez de ficar voltando e saindo de novo, pelo celular eu já ia ficando sem voltar, acho. Não me convenceram e enrolei o quanto pude. Até que um belo dia, apareceu uns aparelhos lá e um era meu. Oh, que maravilha.

Nos primeiros dias, brinquei com o aparelhinho, colocando figurinhas, musiquinhas e acabando com o crédito navegando no wap. Ora, se é pra ter celular, tem que ter alguma serventia, além de me apurrinhar no trânsito, no almoço, em casa, à noite, de madrugada. Então, até achei um pouco de graça de fuçar nas coisinhas piscantes e colocar bonequinhos dançando no visor.

Só que a graça passou. E voltei a ter celular na bolsa, desligado. Porém, até ele chegar a ser desligado de fato, tem todo um processo: começa-se a não atender, porque nem lembra que se tem um celular; depois desliga o aparelho cada vez que entra no carro e esquece de ligar depois; não liga mais o aparelho em casa; até ficar desligado o dia inteiro.

E, claro, a bateria. Aquela coisa chata que tem que ficar colocando pra carregar, não vê carregador uns bons dias já. Aparelho desligado não precisa de bateria, oras bolas. E até tentaram me convencer que o aparelho tem que ficar ligado, que é um instrumento de trabalho. Rá, mas sou um caso perdido.

Celular é boa agenda, isso sim. Calculadora também. Passatempo, qdo com crédito. Socorro, quando num aperto. E minigame em filas intermináveis. Só.

Tudo isso pra falar que não sou só eu não, que tenho essa avessa à telefone. Conhecidamente, tem a Cau que odília telefone. E tem a Anita, que simplesmente não atende telefone de jeito nenhum.

Faz uns 4 anos que ela trabalha aqui em casa. Se a vi com o aparelho na mão alguma vez, foi pra limpar o pó. Nunca a vi falando um alô. Juro. Quando ligam aqui em casa e não estou, nem as meninas, ela deixa a secretária eletrônica atender e, só se tiver alguém morrendo ou seja eu gritando um 'anitaaaaaa, atende, fia', ela não atende. Nem por reza, decreto, condenação. Diz que não gosta e pronto. Quem sou eu pra faze-la atender? Também não gosto de celular, então, me calo.

Chega a ser engraçado. E ela também não liga, nunca ligou. Ela resolve qualquer coisa ela mesma, mas não liga. E diz "se eu não ligo, é porque está tudo bem". Então tá, né? Daí, a maioria das pessoas sabem que, se quer falar comigo, ligue diretamente pra mim, no trabalho. Quando lembro, programo a transferência das ligações de casa pra lá. Ou se não, terão retorno só à noite, porque será quando ouvirei o recado na secretária e retornarei a ligação.

Porque será que esse meio de comunicação irrita tanto as pessoas? Se pensar direitinho, pôxa, é tão bom. Mas celular, blargggh.

[Nota: escrevi tudo isso inspirada em um recado engraçadíssimo deixado na secretária ontem, pleno domingo: meu chefe, que nunca ligou em casa, mas não conseguiu me encontrar no celular, claro.]